Bem medicada
Drogasil cresce se aproveitando do aumento da renda e driblando a informalidade do setor

, Bem medicada, Capital AbertoAbrir-se para o mercado de capitais fez muito bem à saúde da Drogasil. Desde a sua oferta pública de ações em julho de 2007, quando captou R$ 392,7 milhões, a rede de farmácias quase triplicou de valor. Saiu do patamar de R$ 15,00 a ação — o preço do lançamento — para chegar a R$ 41,01 no fechamento do dia 17 de setembro. Um aumento de 173%, ante os 21,2% do Ibovespa no mesmo período. Seu bom desempenho salta aos olhos também na comparação com os pares. Neste ano, entre janeiro e o dia 17, as ações da companhia subiram 46%, deixando para trás os 12,8% do índice de small caps da BM&FBovespa, que espelha o retorno oferecido pelas empresas com reduzida capitalização de mercado. A diferença é ainda maior em relação ao Ibovespa, que recuou 4,2% no mesmo período.

Por trás dos números está, além da gestão eficiente e de mudanças na regulação, que reduziram a informalidade do setor, o aumento da renda populacional. Mais dinheiro no bolso significa também a oportunidade de buscar um antídoto que alivie as mazelas do corpo, e a Drogasil sabe bem disso. “No Brasil, as despesas com medicamentos são dos pacientes, não dos planos de saúde”, observa o analista-chefe da corretora Banif, Oswaldo Telles. No primeiro semestre de 2010, a receita líquida da companhia somou R$ 954,32 milhões, sendo 72,5% provenientes da venda de medicamentos.

Com esse potencial à vista, o plano estratégico de 2010 da Drogasil prevê a inauguração de 40 lojas, das quais metade já foi inaugurada — 18 em Brasília e duas em Goiânia. Outras seis começarão a operar no Rio de Janeiro no segundo semestre. São 303 lojas atualmente e 323 na meta vislumbrada para o fim do ano. E mais a abertura de um segundo centro de distribuição de produtos em Minas Gerais, cujo início é esperado para os próximos meses.

O crescimento oferece à Drogasil a chance de atuar como consolidadora no segmento. Mas essa não é necessariamente uma estratégia fácil. O varejo farmacêutico sofre com a ilegalidade disseminada entre proprietários de farmácia que vendem mercadorias sem nota fiscal ou não registram fielmente as operações contábeis. Expandir por meio de aquisições, portanto, é um plano que esbarra nas raras chances de fazer uma diligência eficiente dos números, com base em dados confiáveis.

Ainda assim, a companhia tem conseguido caminhar nesse sentido. Em agosto de 2007, um mês após a oferta pública, anunciou a compra de dez pontos comerciais da Drogalins, em Goiânia. Um ano depois, fez a aquisição de 24 lojas da Drogaria Vison no Distrito Federal, reforçando sua presença no Brasil Central.

Outra possibilidade de crescer é por meio da locação de pontos comerciais. “A Drogasil não precisa ter todo um sistema de logística, mesmo porque o dela já é melhor”, diz Ricardo Boiati, analista do Bradesco BBI. No Rio de Janeiro, o último estado da Região Sudeste em que a rede não estava presente, a operação própria será montada em imóveis alugados. Para Boiati, é uma forma prudente de entrar em um mercado competitivo, mas com alto grau de informalidade. “Começar no Rio com seis lojas dá massa crítica à operação”, acrescenta. Uma pesquisa da consultoria Mckinsey&Company para o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) apontou que a informalidade do setor farmacêutico no Estado chega a 27%.

A implantação do regime de substituição tributária, no início de 2008, tem representado, contudo, alguma melhora nesse cenário em todo o País. Conforme estabelecido na Lei Complementar 87/96, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) vem sendo recolhido antecipadamente pelos fabricantes ou importadores de produtos, isentando o varejo da arrecadação. “Quando o laboratório vende para o varejista, o imposto já vem embutido”, explica Boiati. “Não tem mais como não pagar o ICMS.”

O Brasil possui cerca de 60 mil farmácias, o que inegavelmente deixa espaço para grandes movimentos de consolidação. “Há muito crescimento garantido para a Drogasil e outras grandes redes”, avalia o analista. O Bradesco BBI acredita que a Drogasil deverá manter seu ritmo de expansão na casa dos 20% ao ano nos próximos cinco anos. A recomendação da instituição para as ações da companhia é de “outperform” — ou seja, previsão de desempenho acima do Ibovespa, chegando a R$ 43,00 no fim de 2010, uma valorização de 4,8% sobre o fechamento do dia 17 de setembro.

O Banco Safra também manteve sua indicação de outperform para a companhia em relatório de 1 de setembro, após a divulgação dos resultados do segundo trimestre. O preço-alvo foi elevado de R$ 36,98 para R$ 50,15, uma valorização potencial de 22,29%. A expectativa otimista, segundo os analistas do banco, se deve aos “fortes números operacionais” apresentados pela empresa durante semestres consecutivos e à aceleração de abertura de lojas.


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