Baú cheio
Depois de ter 36,6% de seu capital vendido para a Caixa, PanAmericano destaca-se no pregão

, Baú cheio, Capital AbertoSenor Abravanel, ou simplesmente Silvio Santos, fez dinheiro rápido na sua bem-sucedida carreira de ambulante. A tática de venda desenvolvida por ele — que misturava alguns truques de mágica com a sua habilidosa lábia comercial — mostrou-se vitoriosa, como se comprovaria anos depois, na materialização do grupo SBT. Mesmo sem usar a sua varinha de condão nos negócios financeiros, em que raras vezes opinou, o apresentador mais popular do País deu uma tacada de mestre no fim de 2009: vendeu 35,6% do capital total do banco PanAmericano, do qual é dono, à Caixa Econômica Federal. Na operação, levou R$ 739 milhões — pagos pela Caixapar, subsidiária integral da Caixa — e manteve o controle.

Atualmente, o PanAmericano tem roubado a cena nas telas do pregão. Nos últimos seis meses, encerrados em 31 de janeiro, suas ações subiram 120%. E passaram a fazer parte do radar dos analistas. Ainda sem a bênção compulsória do Banco Central, o negócio teve reflexos para lá de positivos. Em meados de janeiro, antes de o banco anunciar o resultado de 2009, a Fator Corretora soltou um relatório com a recomendação “atraente” para o papel. Fixou o preço-alvo em R$ 14,20, para dezembro de 2010, o que representa um potencial de alta de 29,09 % sobre o preço de fechamento de 21 de fevereiro, a R$ 11. É maior, também, que o preço de largada, de R$ 10, quando o banco fez sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), em novembro de 2007. E bem diferente da cotação na época da crise, quando a ação não valia o preço de um cafezinho.

A união com a Caixa foi a “cereja” que faltava para que o PanAmericano se tornasse atraente ao mercado. No colo do banco federal, deixa de ser uma instituição miúda, tanto em capilaridade — diante da extensa teia de agências da Caixa —, quanto em capacidade de empreender novos negócios. Agora, poderá explorar segmentos, até então impensáveis, como o crédito imobiliário. “Há muita complementaridade”, são as palavras de Wilson de Aro, diretor de relações com investidores (RI), para resumir o negócio. O executivo acredita que, ainda no primeiro trimestre deste ano, o PanAmericano começará a ofertar o crédito imobiliário da Caixa nos seus postos de atendimento, especialmente para clientes que queiram aproveitar os incentivos do programa Minha Casa, Minha Vida, promovido pelo governo federal. Em contrapartida, a Caixa vai passar a oferecer leasing para pessoas jurídicas.

Aro também credita a subida do papel à liquidez do PanAmericano, nascido da aquisição, em 1969, do Real Sul, e que já se chamou Baú Financeira. Batizado de PanAmericano em 1990, quando passou à atual condição de banco múltiplo, a casa financeira de Silvio Santos consegue ter um bom giro no pregão, destoando dos concorrentes. Vale lembrar que o PanAmericano foi a décima instituição financeira de médio porte a tentar a sorte negociando seus papéis no mercado de capitais. Pisou na bolsa em 2007, numa oferta primária de ações preferenciais que movimentou R$ 679 milhões e foi coordenada por UBS Pactual, Itaú BBA e Bradesco BBI. O precursor dessa onda foi o Pine, seguido pelo Sofisa, Paraná Banco, Cruzeiro do Sul, Daycoval, Indusval, Patagonia, ABC Brasil e BicBanco.

Voltado para as classes C, D e E — trio de letras que faz jus ao direcionamento que Silvio Santos sempre deu aos seus negócios —, o PanAmericano festejou um bom desempenho em 2009. Fechou o ano com lucro líquido de R$ 171,5 milhões. O montante ficou 82,1% acima dos R$ 95,6 milhões registrados em 2008. No quarto trimestre do ano, o ganho somou R$ 55,3 milhões, contra os R$ 47,6 milhões do trimestre anterior. “Os primeiros seis meses de 2009 foram bastante tumultuados. Mas apresentamos resultados crescentes, e essa tendência deve continuar com a retomada dos negócios em 2010”, disse Aro.

No auge das incertezas econômicas, o PanAmericano planejou e empreendeu uma série de medidas para se adaptar aos tempos difíceis. Reforçou o controle de custos e priorizou a liquidez, o que resultou em readequação do mix de produtos, terceirização de lojas e redução do quadro de colaboradores. O banco também revisou e adaptou sua política de concessão de crédito para lidar com um potencial aumento da inadimplência.

Como consequência, a carteira de crédito total consolidada do PanAmericano apresentou bons resultados. No último trimestre de 2009, atingiu R$ 9,9 bilhões, evolução de 7,2% em comparação ao terceiro trimestre do mesmo ano (R$ 9,3 bilhões) e aumento de 12,4% em relação ao quarto trimestre de 2008 (R$ 8,8 bilhões). Desse total, a maior parte corresponde ao financiamento de veículos, que teve saldo positivo de R$ 4,48 bilhões (alta de 46,4%). O consignado respondeu por 21,3% da carteira. Os cartões, por 10,8%.

Diante do resultado positivo e da perspectiva de crescimento econômico, o PanAmericano também renovou, em fevereiro, o patrocínio do Corinthians, no valor de R$ 7 milhões, por um ano. A camisa dos jogadores do “timão”, clube que comemora o seu centenário, terá o logo do PanAmericano estampado na barra inferior.


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