Asas encolhidas
Mesmo na liderança do setor, a TAM sofre com a alta do dólar, fecha o ano com prejuízo e as ações recuam

A liderança ainda é dela. E absoluta. Sozinha, a TAM se mantém no topo de ranking, com 49,30% do total de passageiros transportados por quilômetro. A Gol, de mãos dadas com a Varig, vem em segundo lugar, com 39,47%. Mas o céu não está de brigadeiro para a companhia fundada pelo comandante Rolim. Além de ter encolhido, diante da sede desenfreada da concorrência, a TAM também vem perdendo o brilho no mercado ação. Nos últimos seis meses, seus papéis tiveram queda de 22,5%, fechando a R$ 15,50.

A TAM padece dos males do seu setor e, evidentemente, sofre com a freada generalizada da economia. Ao que tudo indica, segundo previsão de analistas, a empresa – fundada como Transportes Aéreos Marília – ainda está longe de recuperar a fase áurea antes do apagão aéreo, em 2006. Ao anunciar os resultados de 2008, a própria companhia reconheceu que 2009 não será fácil e ainda reduziu suas perspectivas para o mercado doméstico.

No quarto trimestre de 2008, de acordo as regras contábeis norte-americanas (US Gaap), a companhia aérea teve prejuízo líquido R$ 1,12 bilhão, revertendo resultado positivo de 12 meses atrás. No ano, de acordo com as normas brasileiras, a perda foi de R$ 1,36 bilhão ante o ganho de R$ 505,1 milhões apurados em 2007. Os resultados da rival Gol acompanharam a baixa do setor: prejuízo de R$ 1,4 bilhão contra lucro de R$ 272,2 milhões em 2007.

O vermelho da TAM se deu em razão de forte despesa financeira gerada pela valorização do dólar contra o real e por operações de hedge de combustível. Um consultor, que pede para não ser identificado, observa que esta prática servia para proteger a companhia aérea da acentuada alta no valor do barril do petróleo até o agravamento da crise financeira internacional em meados de setembro. Depois disso, porém, a cotação caiu e essas operações de hedge passaram a gerar perdas.

A companhia tinha hedge contratado para volume de R$ 3 milhões de barris no primeiro trimestre deste ano, mas reduziu o montante para aproximadamente R$ 2 milhões, cerca de metade de seu consumo projetado no período, conforme dados do balanço. As despesas financeiras somaram R$ 2,1 bilhões no quarto trimestre do ano passado, impactadas por perdas com hedge de combustível de R$ 919 milhões e com variações cambiais de R$ 815 milhões. Um ano antes, as despesas financeiras no período tinham sido de R$ 335 milhões.

A geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação, amortização e leasing (Ebitda) de aeronaves da TAM, no quarto trimestre, somou R$ 521,6 milhões, alta de 67% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A margem passou de 13,7% para 17,9%. A companhia fechou o quarto trimestre com receita líquida de R$ 2,92 bilhões, crescimento de 28,2% sobre igual período de 2007. Enquanto isso, o número de passageiros transportado avançou apenas 1,8%, para 7,385 milhões.

A companhia não disponibilizou um porta-voz para falar com a CAPITAL ABERTO, alegando, exclusivamente, problemas de agenda. No entanto, o presidente da TAM, David Barioni Neto, tem deixado claro em suas aparições públicas que o foco da empresa, em 2009, será a forte redução de custos. Até porque, está evidente que, mesmo com a alta de preços nas tarifas aéreas domésticas no ano passado (em torno de 35%), o setor teve o pior desempenho desde 2003, quando a demanda havia recuado 6%. Em 2008, o transporte de passageiros em voos nacionais cresceu 7,4%, segundo Agência Nacional de Aviação Civil. A oferta de assentos, por sua vez, teve expansão de 12,8% no ano passado. E a taxa de ocupação dos aviões no País ficou em 66% — três pontos percentuais a menos do que em 2007.

Em geral, as companhias aéreas estão tentando recuperar o tempo perdido. Mas sabem que as perspectivas não são boas, diante da queda na demanda por causa da crise e do aumento de competição no setor, com a entrada em operação da Azul e o fortalecimento da WebJet. Este ano, segundo analistas, a previsão é de que as tarifas parem de subir e, também, não está descartada uma queda de preços. Para um analista, o recuo do preço do petróleo — que chegou a quase US$ 150 e caiu para US$ 40 o barril — pode dar margem para as companhias reduzirem as tarifas.

Mesmo diante de um cenário adverso, a TAM informou que manterá investimentos em ampliação de frota, com aplicações de US$ 6,9 bilhões até 2018. Além disso, pretende elevar oferta de assentos nos mercados doméstico e internacional este ano, em 8% e 20%, respectivamente. Diferentemente de outros setores, no áereo, é praticamente impossível cancelar investimentos. Até porque, afirma o consultor, a programação de encomendas de aviões é feita com antecedência e dificilmente pode ser cancelada por conta da mudança de cenário econômico.

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