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As vendas continuam
Sérgio Rosa

, As vendas continuam, Capital AbertoAo que tudo indica, 2010 será um ano movimentado na Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), maior fundo de pensão do País. Apesar da Resolução 3.792, que ampliou o limite de alocação em ativos de maior risco, a Previ continuará vendendo ações para alcançar o enquadramento de sua carteira — atualmente com R$ 80 bilhões em renda variável, o equivalente a 62% do total de recursos. A meta de 2010 é vender cerca de R$ 3 bilhões em ações, mesma cifra do ano passado. Além disso, a nova regra trouxe uma exigência que parece incomodar o mais importante investidor institucional brasileiro: a necessidade de certificar, até 2014, todos os profissionais tomadores de decisões de investimento. “Quem é que acha que não estamos olhando a qualificação e a qualidade dessas pessoas todos os dias?”, questiona Sérgio Rosa. Em entrevista à CAPITAL ABERTO, o presidente da fundação faz um balanço de seu mandato, que acaba no próximo mês de maio, e fala de possíveis alterações de portfólio, como as sondagens para a venda da participação na Vale e uma eventual diluição na Petrobras após a capitalização da estatal para explorar o pré-sal.

CAPITAL ABERTO: O que muda no plano de enquadramento da Previ após a edição da resolução 3.792, do Conselho Monetário nacional?
SÉRGIO ROSA:
A medida estabelece novos limites dos quais podemos nos beneficiar. A nova resolução traz uma folga maior para a atuação da Previ, já que nosso desenquadramento é essencialmente em renda variável.

Se houvesse uma concentração em ações do Novo Mercado, cujo limite é de 70% do patrimônio, a Previ teria uma folga ainda maior. Existe alguma tendência de migração para esse segmento de listagem?
Provavelmente não. Nossa estratégia de alocação em renda variável é empresa por empresa. Evidentemente que os padrões de governança são relevantes na hora da seleção, mas não são determinantes.

Para atender ao plano de enquadramento, quanto a Previ vendeu, em ações, em 2009? E para este ano, qual é a previsão?
Vendemos cerca de R$ 3 bilhões, até outubro. No fechamento do ano esse valor não deve mudar muito. Não houve venda concentrada ou que alterasse significativamente nosso portfólio. Para este ano, a política de investimentos ainda está sendo discutida. Esse cálculo está bastante associado aos desembolsos que precisamos fazer para pagar benefícios. Então, deve ser um valor semelhante ao de 2009 — já levando em conta a Resolução 3.792 e também as nossas necessidades. São cerca de R$ 6 bilhões por ano para pagamento de benefícios.

Além de ser mais flexível nos limites de alocação em renda variável, a Resolução 3.792 trouxe, como uma de suas principais novidades, a exigência de certificação dos profissionais que tomam as decisões de investimento. Como a Previ está se preparando para esse processo?
Precisamos aguardar o desdobramento da questão.
A abrangência dessa cláusula não ficou muito clara. Em tese, todos os administradores da Previ participam da tomada de decisões. E entendemos que todos estão qualificados. Ainda vamos ver como essa instrução vai funcionar. Se levarmos ao pé da letra, seriam certificados todos os administradores, tanto da diretoria quanto do conselho. Mas isso é uma questão da governança interna das entidades. Essa verificação das pessoas acontece todos os dias e não será uma certificação externa que mudará o processo de qualificação contínua que somos obrigados a ter. Quem é que acha que não estamos olhando a qualificação e a qualidade dessas pessoas todos os dias? É preciso ainda esclarecer o tipo de certificação.

O que o senhor acha da ideia de aproveitar outras certificações, como a da Apimec para analistas?
O mercado tem falado da certificação usada para outras atividades e nós estamos falando de dirigentes de nível estratégico, que analisam investimentos muito específicos. O objetivo é garantir que essa certificação seja condizente com a atividade de um fundo de pensão. Não fazemos uma análise da mesma forma que uma corretora. Aqui temos um comprometimento com o longo prazo, com questões específicas dos fundos de pensão, com as nossas políticas internas.

Como deveria ser feita, então, a certificação?
O ideal seria um modelo desenvolvido pelo próprio fundo de pensão. Eu, e quando digo eu me refiro à diretoria e ao conselho deliberativo, sou o principal responsável pela entidade. Estabelecemos os mais elevados padrões de qualidade, e não há ninguém melhor do que esses órgãos para se preocuparem e estabelecerem parâmetros. O conselho e a diretoria estão sob a vigilância da entidade patrocinadora e do participante, os principais interessados no fundo.

A Previ está preparando seu primeiro relatório de sustentabilidade nos moldes do GRI. Como está esse projeto?
Foi feita a primeira parte, de consulta aos grupos interessados: participantes, patrocinador, parceiros e empresas investidas. Eles foram consultados através de um questionário para fazer o teste de materialidade, ou seja, saber que tipo de informação esses stakeholders acham relevante a Previ divulgar. A partir daí, montamos o processo interno de coleta de informações e o questionário que será enviado às empresas. Eles querem ter todo tipo de informação, desde como a Previ estabelece a sua política de governança corporativa até como incentiva práticas de responsabilidade socioambiental nas empresas, assim como os resultados obtidos. Mas não foge do escopo dos principais relatórios de sustentabilidade.
O primeiro sairá em março, relativo ao exercício de 2009. Será uma publicação anual.

Como a Previ vê a operação de capitalização da Petrobras para exploração do pré-sal?
Vamos esperar os dados oficiais. Nossa perspectiva em relação à empresa é muito positiva.

Vocês pretendem manter a participação atual na companhia após o aumento de capital?
Isso exigirá um esforço financeiro muito grande, e não sei se teremos condições de fazê-lo porque somos um minoritário relevante. Quanto à diluição, se a companhia está se capitalizando para aumentar sua capacidade de investimento e aumentar o seu valor, é melhor ter uma fatia menor de uma empresa maior.

Existe interesse em se desfazer da Vale?
Gostamos muito da companhia. É uma empresa que vai crescer, então estamos muito confortáveis. Mas se houver uma proposta tentadora estamos sempre dispostos a examinar. Ter um comprador que leve toda a participação seria difícil, até mesmo porque seria complicado realocarmos recursos desse montante. Mas nossa obrigação é averiguar eventuais propostas e levar em consideração o potencial da empresa. Temos tido sondagens, sim, mas nada tentador.

O mandato do senhor como presidente da Previ termina no fim de maio. O que ainda falta fazer?
Muita coisa. Neste ano, vamos rever toda a nossa estratégia para a área de renda variável. O objetivo é sempre melhorar e avaliar segmentos de mercado, checar se estamos com a estratégia correta, rever metodologias de avaliação. É uma revisão completa, que no ano passado já foi feita no setor imobiliário. Toda a parte de diagnóstico fica pronta até o fim do meu mandato, mas a parte de implantação, não.


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