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Alta tensão
Forte alta dos lucros, fartos dividendos e novos investimentos fazem o sucesso da CTEEP

, Alta tensão, Capital AbertoEra um dia nervoso. Sem disfarçar o seu temor, Marcio Lopes Almeida, diretor financeiro e de Relações com Investidores da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), mantinha um olho na tela e outro, quando a tensão permitia, no interlocutor. “Meu Deus, acionaram o circuit break”, deixou escapulir, por impulso, referindo-se ao mecanismo de segurança da bolsa que suspende o pregão por meia hora quando a queda do Ibovespa atinge 10%.

Apesar das más notícias que brotavam de hora em hora, vindas de todos os cantos do mundo, a vida não estava nada ruim para a CTEEP. Longe disso, aliás. É verdade que, naquele dia, os papéis da companhia caíam 6%. Mas os da poderosa Vale, para consolar, caíam 12%. Nos últimos seis meses, as ações da CTEEP tiveram um comportamento invejável, com preço e volume de negociação crescendo consistentemente (veja quadro). O bom desempenho fez com que a companhia se tornasse destaque de alta na seção Lente de Aumento, que acompanha o sobe-e-desce do mercado de capitais.

Das empresas de energia elétrica, especialmente na área de transmissão, a CTEEP carrega uma história curiosa e, até que se prove o contrário, vencedora. É um filhote da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). Nasceu em 1999 e, em 2006, passou a ser pilotada pela iniciativa privada. Quer dizer, mais ou menos isso. Foi privatizada em junho de 2006 e, quem diria, teve o controle comprado pelo grupo ISA — Interconexión Eléctrica S.A., uma estatal boliviana.

A maior empresa de transmissão da América Latina — com 37 mil quilômetros de linhas de alta tensão na Colômbia, Peru e Bolívia — demonstrou apetite voraz e escanteou os outros cinco candidatos à compra da CTEEP. Pagou ágio de 58% sobre o preço mínimo, de R$ 24,11 por lote de mil ações, e levou 50,1% das ações ordinárias do governo paulista, assinando um cheque no valor de R$ 1,19 bilhão. “Há muitos anos temos o sonho de atuar no Brasil”, festejou, naquela tarde de 2006, Cezar Ramirez, vice-presidente da ISA.

Desde o leilão, o sonho começou a se materializar. A ação da empresa, cotada a R$ 14,36 no mês da privatização, alcançou R$ 55 em agosto passado. Acompanhou o revés do mercado, foi a R$ 40, mas se recuperou e fechou setembro em R$ 49. Sua saúde e vitalidade financeira se espelham nos últimos balanços. No ano passado, o lucro inflou 626,4%, se comparado ao ano anterior, somando R$ 855 milhões. A receita operacional bruta subiu 11,6%, para R$ 1,5 bilhão, e a margem Ebitda avançou 85,8%, para R$ 1,12 bilhão. Aos acionistas coube um brinde especial: distribuição de 76,3% dos lucros levantados no ano passado.

Qual o segredo da empresa? “A CTEEP estava um pouco gordinha”, faz graça o diretor financeiro, ainda atento aos solavancos daquele dia infernal. O choque da nova administração pode ser sentido na drástica redução de custos: 69%, para R$ 359 milhões, ante R$ 1,1 bilhão de 2006. A CTEEP diminuiu em 86% as despesas com pessoas. Eram 2.412 empregados. Hoje, somam 1.290. Ao corte de pessoas se somou uma investida no aumento da produtividade e, evidentemente, a busca por dinheiro barato para custear a faxina na casa.

Sob o comando de um novo investidor — e longe das amarras do Estado —, a CTEEP estava apta a melhorar sua estrutura de capital. Bateu na porta do BNDES, com pires na mão. Queria dinheiro para fazer obras de melhoria sistêmica, reforços, modernizações do sistema de transmissão e novos projetos, que fazem parte do plano de investimentos 2006-2008. Saiu do banco de fomento com uma travessa cheia: obteve empréstimo de R$ 764,2 milhões, com vencimento final em 2015 e juros atrelados à TJLP. O montante corresponde a 70% do investimento total a ser realizado pela empresa. Até agora, já foram liberados R$ 602, 2 milhões.

Em setembro, nova fornada de financiamento barato: a CTEEP recebeu aprovação de crédito de R$ 329 milhões do BNDES. O recurso inclui aproximadamente 80 projetos autorizados pela Aneel, a agência que regula o setor, referentes à modernização do sistema de transmissão de energia elétrica, reforços e implantação de novos projetos.

A CTEEP transmite quase a totalidade da energia consumida no Estado de São Paulo, 30% de toda a energia produzida no Brasil e 60% da eletricidade consumida no Sudeste do País. Em junho, no leilão de transmissão da Aneel, foi a que mais arrematou lotes, levando cinco dos doze ofertados, somando investimentos de R$ 320 milhões.

Agora, quer se agigantar ainda mais. A empresa se prepara para disputar (e levar) alguns lotes das linhas de transmissão que vão transportar a energia gerada a partir das duas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau. Os investimentos previstos podem chegar a R$ 7 bilhões e, devido à envergadura da empreitada, o governo vai dividir o linhão em sete lotes. A CTEEP está cotada para ser uma das maiores investidoras, com ou sem consórcio. “Vamos entrar para valer”, avisa Almeida.

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