A alfabetização financeira é um elemento fundamental para o processo de preparação do jovem para a vida adulta. Durante o congresso sobre educação financeira da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), de que tive a honra de participar em dezembro de 2009, ficou evidente o interesse de diversos países do mundo em implementar programas de instrução financeira. O Brasil não foge à regra e, em abril, pretende colocar em prática o Projeto Educação Financeira na Escola, desenvolvido pelo governo federal em conjunto com agentes do setor privado. A ação faz parte da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef).
Vale lembrar que o ensino de finanças se inclui num propósito maior: oferecer condições para que as futuras gerações vivam de forma sustentável em nossa sociedade. Devemos reconhecer que a instrução financeira é uma habilidade da vida, a ser transmitida pelo sistema escolar ou pelos pais. Porém, a carência de entendimento sobre finanças destes últimos gera, muitas vezes, uma espiral descendente, na qual a deficiência de conhecimento é passada de geração a geração. Logo, a absoluta relevância do papel das escolas.
Infelizmente, para que a instrução financeira nos colégios vá adiante, será preciso torná-la obrigatória. Atualmente, as escolas não adotam esse ensino voluntariamente, o que, dentre outros motivos, deve-se à falta de incentivo à aplicação de disciplinas complementares.
Assim, a maneira mais segura de garantir que esse conhecimento seja transmitido é sua inclusão mandatória no currículo escolar. Isso permitiria a democratização do ensino de finanças. O fato de a grade escolar estar lotada não deve ser motivo para preocupação. A educação financeira não precisa ser incluída à custa do ensino de outras disciplinas fundamentais. Conceitos sobre finanças podem ser apresentados aos estudantes em conjunto com outras matérias, como equações e progressões aritméticas, por exemplo.
Por ser uma iniciativa nova, obviamente corremos o risco de não termos professores devidamente preparados para lecionar finanças. No entanto, como esse é um assunto que instiga o aprendizado por ter uma aplicação prática, o treinamento de profissionais não será uma tarefa difícil de se alcançar. Os próprios professores, além dos alunos, seriam beneficiados com esse conhecimento. Poderiam administrar melhor seus gastos de forma a poupar e realizar decisões de investimento seguras. Uma certificação profissional para essa atividade também poderia ser estruturada, bem como uma política de bonificação que incentivasse a participação dos professores.
Por fim, acusar que livreiros, por ganância, seriam parte interessada nesse projeto é desmerecer uma relação madura que existe entre as editoras e o governo. Trata-se de uma visão simplista e tola, que não encontra eco num debate mais sério. Havendo a demanda, o País apresenta total capacidade para criar material didático de boa qualidade e capacitar os professores a usá-los.
Hoje, o Brasil apresenta produtos financeiros de qualidade, em um ambiente eficiente de regulação e autorregulação, além de profissionais preparados para oferecer produtos de investimentos. Todos são obrigados a ter uma certificação profissional, que visa a aprimorar a capacidade técnica desses agentes de realizar uma venda consciente. Nesse sentido, a educação dos nossos jovens, com o objetivo de formarmos uma geração capaz de tomar decisões sábias de investimento, seria a etapa final para concluirmos esse círculo virtuoso no mercado de capitais brasileiro.
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