Todos nós conhecemos a maneira clássica de fazer um bolo crescer: basta acrescentar fermento. No entanto, uma breve busca na internet indica uma série de caminhos alternativos, muitos de eficiência duvidosa. Da mesma forma, quando nos referimos ao “bolo” como o produto agregado de uma economia (o PIB), percebemos que a “receita básica do crescimento” tem variações significativas conforme o ambiente em que é aplicada. Uma vez identificados os possíveis arranjos econômicos alternativos, podemos discutir qual apresenta a melhor probabilidade de trazer uma melhoria no padrão de vida da população de forma sustentável. Esse é o tema central de Good capitalism, bad capitalism, and the economics of growth and prosperity, escrito por três acadêmicos americanos.
A queda do muro de Berlim sepultou a disputa entre o regime capitalista e o socialista em termos de capacidade de trazer prosperidade sustentável às populações. No entanto, o regime capitalista está longe de ser monolítico e padronizado, e várias formas têm aparecido com diferentes taxas de sucesso.
A obra se inicia estabelecendo a importância do crescimento econômico para a melhoria do padrão de vida de todos e explorando os elementos que fomentam esse crescimento. Curioso que o livro faz a opção por não embarcar na guerra das estatísticas para suportar seus argumentos. Em vez disso, apela para o bom senso e deixa referências para aqueles com inclinação detetivesca.
A partir desse pano de fundo, os autores descortinam os quatro tipos básicos de capitalismo que podemos identificar hoje:
• Capitalismo de Estado, em que os governos guiam os mercados, escolhendo os setores que esperam ser os “vencedores” (exemplo: China).
• Capitalismo oligarca, em que o poder e a riqueza ficam circunscritos a um pequeno grupo de indivíduos e famílias (exemplo: países latinos em geral).
• Capitalismo de grandes empresas, em que as atividades econômicas mais significativas são comandadas por grandes conglomerados (exemplos: França, Alemanha).
• Capitalismo empreendedor, em que um papel significativo é desempenhado por empresas pequenas e inovadoras (exemplo: Itália).
A partir dessa taxonomia, os autores mostram que o arranjo mais poderoso é aquele que combina o empreendedorismo com as grandes empresas. Enquanto a primeira alavanca assegura a “destruição criativa”, a segunda brinda a sociedade com os benefícios da economia de escala e da busca incessante por maior produtividade.
No entanto, a força liberadora da inovação não é uma chama de combustão espontânea. Na ausência de oxigênio e combustível, nem a melhor faísca produz resultado. Dentre outras condições importantes, o ambiente econômico deve facilitar a abertura e o crescimento das novas empresas, assim como garantir aos empreendedores que se apropriem do resultado de seus esforços.
Nesse ponto da obra, somos naturalmente compelidos a avaliar o ambiente econômico para o empreendedor brasileiro. E, infelizmente, a constatação não é animadora: a despeito da estabilidade macroeconômica conquistada, o ambiente é extremamente hostil ao empreendedor.
O desafio começa pelo alto custo e a demora para a abertura de um negócio. Depois passa pela elevada tributação, os custos trabalhistas e a falta (ou o elevado custo) do crédito. Enquanto as chamadas reformas microeconômicas não tiverem lugar permanente na agenda política do país, o “animal empreendedor” brasileiro viverá em um estado de constante asfixia, ou seja, o oxigênio supre a sobrevivência, mas não o desenvolvimento sustentável.
Good capitalism, bad capitalism, and the economics of growth and prosperity
William J. Baumol, Robert E. Litan e Carl J. Schramm
Yale University Press. 336 páginas
Lançado em 05/2007
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