A notícia estava no ar

Desde que a crise do subprime começou a dar frio na barriga, em meio aos bilhões em prejuízos dos bancos anunciados todos os dias nos jornais, algumas vozes manifestaram a descrença de que o grau de investimento viria em 2008. Teve gente graúda de banco influente dizendo que já não esperava mais o selo. No último mês, contudo, pintou um clima de que estava a caminho o tal do grau que tiraria nossa economia do status de especulativa para transformá-la em investimento de longo prazo.

Alguns sinais apareceram durante a apuração das reportagens desta edição. Na reunião de pauta, no início de abril, o repórter Silvio Muto foi incumbido da missão de descobrir por que o Brasil está sofrendo bem menos que outros emergentes os efeitos da crise do crédito hipotecário nos EUA. Se os mercados em desenvolvimento parecem candidatos a ser um bom refúgio para os recursos que desejam risco, por que o País está se saindo melhor (ou menos pior) que os outros?

Uma das respostas está nos preços das commodities, que foram às alturas diante da demanda por ativos que pudessem substituir o dólar desvalorizado. Altamente exportador desses produtos, o País estava no lugar certo, na hora certa, e fez um bom dinheiro com suas vendas para o exterior. Embaladas por uma economia estável e muito mais previsível do que outrora, vantagens como essa arregalaram os olhos de investidores estrangeiros. Eles confirmaram a perspectiva de um Brasil não apenas vibrante, mas também mais confiável diante de uma crise de proporções ainda não totalmente mensuradas.

Outro presságio de que a percepção de risco sobre o País havia mudado de patamar surgiu durante a apuração da reportagem que começa na página 14. Depois de um quadrimestre fraco para os IPOs e de duas tentativas de oferta com resultados abaixo do esperado, a repórter Roberta Lippi procurou traçar perspectivas mais concretas para as aberturas de capital este ano. Apurou que o mercado continuava esperando um agito maior no segundo semestre, mas o que mais lhe chamou a atenção foram as repetidas informações de que o Brasil estaria surpreendentemente bem cotado por investidores internacionais.

Por fim, ao fechar a seção de notas Panorama, resolvemos destacar o volume de negócios da Bovespa, que se mantinha elevado apesar do ritmo reduzido de IPOs e do cenário externo duvidoso. De novo, a mesma história. A explicação estava no apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil. Ao olhar os números, nota-se que ele conserva este ano participação idêntica à que tinha na Bovespa em 2007 (em torno de 34%), a despeito do enxugamento da liquidez mundial.

Tínhamos ali algumas evidências de que a confiança no País estava muito mais sólida do que se via em outros tempos. E de que as classificadoras de risco, mais dia, menos dia, reconheceriam em seus ratings o julgamento que o mercado tinha feito na prática. Para a surpresa de muita gente, esse reconhecimento veio no dia 30 de abril, em pleno fechamento da edição. Ainda bem. Deu tempo de coroar o cenário otimista que fatalmente traríamos, com ou sem o selo de investimento.


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