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15 minutos de fama
Ações da Kepler Weber sobem 300%, em apenas seis meses, após a entrada de um novo sócio

, 15 minutos de fama, Capital AbertoEm 4 de junho de 2007, quando ainda nem se falava na crise financeira mundial, a Kepler Weber chegou a visitar o 1º Juizado de Falências e Concordatas de Porto Alegre, com um pedido de recuperação judicial. Duas semanas depois, antes de a solicitação ser aceita, a sorte resolveu jogar a seu favor. A fabricante gaúcha de silos festejou a assinatura de um acordo com seus credores que envolvia reestruturação de dívidas e injeção de novos recursos. Era um sopro de esperança para uma empresa com 80 anos de vida que enfrentava o maior sufoco de sua história.

De lá para cá, a Kepler Weber vem se esmerando para entrar no eixo, numa reorganização comandada pelo experiente Anastácio Fernandes Filho, ex-presidente da Vale. Nada tão extraordinário que justificasse a valorização de 300% registrada por suas ações nos seis meses anteriores a 28 de fevereiro. Recentemente, mesmo após a companhia divulgar um resultado ruim, com direito a queda de receita e prejuízo, as ações continuaram subindo. O que teria acontecido com essa veterana do mercado de capitais sempre tão discreta?

“São 15 minutos de fama”, respondeu o executivo de um banco de investimento, que prefere não ser identificado. Evidentemente a reestruturação conta pontos a favor, mas não é uma novidade”, observa. “O que se nota de positivo é a recuperação dos preços das commodities agrícolas e a expectativa de uma safra de grãos recorde em 2010”, diz. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que a safra brasileira de grãos atinja, este ano, 143,9 milhões de toneladas — um estímulo à encomenda de novos silos para armazenagem.

Uma fonte do setor agrícola tem o cuidado de acrescentar que esses dois fatores não seriam suficientes para fundamentar uma alta tão expressiva. Um analista de banco de investimento alerta ainda que, usualmente, as empresas negociam o equivalente a 1% do seu “float” por pregão. Mas a Kepler Weber tem oscilado entre 6% e 7%.

Uma fonte do mercado atribui as recentes altas à entrada de um novo sócio, Fernando Heller, dono da corretora Tov. De 2009 até 2010, ele passou a deter, na condição de pessoa física, 10,27% do capital total da empresa, uma participação expressiva. Além dele, os dois maiores acionistas são a Previ e o Banco do Brasil, com 35% juntos, e o fundo Mennet, com pouco mais de 5%. Procurado para comentar sobre as razões para o seu interesse na companhia, Heller não retornou à Lente de Aumento.

Nolci Santos, diretor de relações com investidores (RI) da Kepler Weber, assegura que já teve contato com o novo acionista. Segundo o executivo, ele comprou as ações no mercado e não tem qualquer ingerência no dia a dia da empresa. “Trata-se de uma participação para investimento. Não é parte de qualquer acordo ou contrato que regule o exercício do direito a voto”, escreveu Nolci no comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“Acredito que estamos nos recuperando de uma fase em que o papel caiu excessivamente”, explica. “Nos chamou a atenção o fato de, mesmo com o anúncio do prejuízo, o papel ter se mantido em alta”, acrescenta o executivo. Em 2009, a companhia amargou prejuízo de R$ 3 milhões. Embora tenha sido uma perda, foi 9% menor que o prejuízo de 2008, de R$ 3,3 milhões.

Ao divulgar o balanço referente ao exercício de 2009, os administradores da empresa mostraram-se relativamente contidos diante da expectativa do mercado. “A retomada no volume de negócios no segundo semestre, tanto no mercado interno quanto no externo, impactou positivamente os números acumulados do ano corrente, propiciando melhores expectativas para 2010. Esses fatores, associados ao período de sazonalidade positiva de vendas, permitem que a Kepler Weber tenha um otimismo moderado, prevendo um maior volume de negócios”, informa o texto do relatório.

A crise mundial, que se arrastou até meados do ano passado, represou projetos e freou a decisão de investimentos. A receita bruta somou R$ 250,9 milhões em 2009, uma retração de 33% — “principalmente devido à postergação na confirmação de pedidos e à indefinição do mercado na realização de novos investimentos, em função da crise econômica”. Em igual base de comparação, a receita líquida caiu 35%, para R$ 215,1 milhões.

Com uma carteira de clientes composta de cooperativas, produtores agrícolas e trading companies, a Kepler Weber teve de apertar as margens de venda e enfrentar maior concorrência no ano passado. Contudo, conseguiu surpreender o mercado com o lançamento da linha de silos KW Fazenda, um equipamento projetado para atender à necessidade de pequenos e médios produtores. Com isso, seu market share pulou de 48% para 50%. A reestruturação financeira, finalizada em 2007, equacionou dívidas no valor R$ 382 milhões e garantiu a injeção de R$ 110 milhões em recursos.


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