O mercado e a Ucrânia: “Too big to fail”?
10/3/2014

, O mercado e a Ucrânia: “Too big to fail”?, Capital Aberto

Alexandre Póvoa*/ Ilustração: Julia Padula

Impressionante como o mercado financeiro mundial está passando por cima do risco de desdobramentos sérios na questão da Ucrânia. Do ponto de vista puramente econômico, convém mencionar que, do total de importações da Rússia, 15% vêm da Alemanha e 42% da União Europeia; das exportações, 10% vão para a Alemanha e 50 % para a União Europeia. Imaginem o impacto efetivo para ambos os lados na hipótese de um conflito. Por outro lado, a Rússia fornece grande parte do seu gás natural para a Ucrânia e Europa. Considerem o efeito de um corte de oferta para a recuperação europeia. E para a própria Rússia — afinal, para quem ela venderia?

O país mais extenso do mundo vive situação econômica nada confortável. Em 2014, registrou inflação de 6,5% e crescimento de 1,3%. Se as possíveis sanções econômicas, não seriam suficientes, por si sós, para causar um estrago econômico adicional, certamente afetariam as expectativas. Caso houvesse a possibilidade de um conflito real entre a Rússia e o Ocidente (com provável envolvimento da China em certo ponto), as consequências para a recuperação econômica em curso no mundo seriam trágicas.

Muitos economistas defendem que guerras normalmente são até positivas para impulsionar os mercados financeiros — aumento de gastos do governo impactam o crescimento —, o que não deixa de ser uma verdade histórica. No entanto, no atual estágio da economia mundial, em que a maioria dos governos tenta reduzir seus grandes déficits após comprar ativos de empresas quebradas com a Crise de 2008, o início de um conflito de grandes proporções significaria um risco incalculável.

O relativo relaxamento dos participantes do mercado com a questão da Ucrânia é explicado por aquela velha máxima: “Too big to fail”. As consequências potenciais são tão graves que eles parecem acreditar que ninguém vai ter coragem de dar o primeiro passo (ou tiro). O problema é que no próximo domingo, dia 16, está oficialmente marcado o plebiscito em que a maioria da população, de origem russa, deve votar a favor da anexação da Crimeia à nação de Putin. Que definitivamente não parece ser uma pessoa muito preocupada com máximas de mercado.


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