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O capital de risco nas parcerias público-privadas
14/11/2013

Já se vão muitos anos desde que, em 1980, recém-saído da presidência da CVM, resolvi abraçar mais uma atividade pioneira: transformar a Brasilpar Comércio e Participações na primeira empresa dedicada ao venture capital (VC). A ideia de criar uma VC foi fortemente estimulada pelo IFC, braço de investimentos do Banco Mundial que havia apoiado a criação das primeiras empresas do ramo na Europa.

Foi um trabalho pioneiro, pois nossa proposta era realizar investimentos transitórios em empresas com potencial de crescimento e, posteriormente, buscar liquidez para essa participação — de preferência no mercado de capitais ou atraindo novos investidores, controladores ou não.

Não éramos aplicadores passivos. Tínhamos que ter algum tipo de representação na governança da empresa investida que nos permitisse acompanhar o nosso investimento. Na época houve muita reação negativa a essa ideia, devido ao seu ineditismo, por exemplo, em conselhos de administração de que participamos e, ainda mais, em comitês de planejamento, financeiros e de auditoria. A adoção de um código de conduta e auditoria externa era uma luta ferrenha!

Devo reconhecer que a expressão em inglês “venture capital” não nos ajudava. Posteriormente, o conceito foi se tornando conhecido, e passou a vigorar a terminologia “companhias de capital de risco”, que hoje engloba não só as primeiras empresas de VC, como também as de private equity (PE), setor em que a Brasilpar também foi uma das pioneiras. Criamos o primeiro fundo de PE, o Equitypar, subscrito por bancos estrangeiros, usando suas carteiras de empréstimos em moedas estrangeiras que naquela fase não podiam repatriar.

Teoricamente, aplicadores e investidores de capital de risco buscam taxa de retorno superior àquelas previstas nas aplicações em blue chips. Por consequência, existe maior estímulo para que as companhias de capital de risco procurem projetos quando os preços das ações estão caros — mesmo com maiores riscos, eles poderiam antecipar melhores retornos comprando ações de empresas que projetassem retornos superiores ao de empresas negociadas na bolsa.

Também, quando o mercado de novos lançamentos está aquecido, não existe ou se vislumbra situação atraente para a atividade de PE, pois as potenciais empresas emissoras acessam diretamente o mercado de novas emissões. Atualmente, passamos por momento propício sob esse aspecto, já que os grandes IPOs projetados para 2013 foram adiados para 2014.

No entanto, com a economia andando de lado e poucas empresas realmente conseguindo manter a rentabilidade projetada, fica mais difícil escolher projetos atraentes. Existe capital disponível, mas não tem sido fácil encontrar boas oportunidades.

Constata-se ainda, e talvez com maior intensidade, um descompasso entre o que os empresários acreditam ser o valor de suas companhias e o que os gestores de PE estão dispostos a pagar por suas ações. Obviamente, a rentabilidade projetada é função do valor do investimento calculado numa base realista. A incerteza em relação ao futuro e a imprevisibilidade levam os gestores a buscar maiores rentabilidades que no passado.

Em conclusão, a indústria nacional de PE amadureceu com a forte participação de grandes players internacionais, que continuam tendo papel de grande importância no desenvolvimento do mercado e de boas técnicas gerenciais. Um dos grandes desafios enfrentados pelo setor é a sua participação em parcerias público-privadas (PPPs) nos grandes projetos de infraestrutura que têm sido lançados. É uma participação que tem grande relevância para a viabilidade deles. Nesse aspecto, o fator credibilidade é essencial.

Em recentes reuniões de que participei no Panamá e em Lima com empresários da América Latina, ficou evidente que, qualquer que seja a política do país, a associação de capitais nacionais e estrangeiros e a participação do Estado são essenciais para viabilizar projetos de infraestrutura. É o que, aliás, estamos constatando no caso brasileiro, desde que sejam oferecidas condições de rentabilidade atraentes.


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