O caso Petrobras teve recentemente dois eventos, no mínimo, curiosos: a atrapalhada divulgação daquilo que ficará conhecido pelo eufemismo “perdas com corrupção”; e a renúncia em debandada da diretoria da estatal. O post desta semana tratará do primeiro ponto.
Esperava-se, no último dia 28, a divulgação do famigerado informe trimestral do 3o trimestre de 2014, ainda não auditado mas já contendo as “perdas com corrupção”. Segundo informou a imprensa, em reunião do conselho de administração que tratou do tema, a diretoria teria apresentado estudos preliminares com a estimativa de que, conforme a metodologia utilizada, a perda seria de R$ 4,06 bilhões ou de R$ 88,6 bilhões.
Após mais de dez horas de reunião, os conselheiros teriam unanimemente concluído que as projeções das consultorias independentes não seriam adequadas. O entendimento deles foi de que, além da discrepância de resultados, os métodos adotados não permitiriam isolar exclusivamente os “pagamentos indevidos” e acabariam por penalizar excessivamente a empresa e seus investidores.
Como explicar, então, a divulgação de estudos que haviam sido julgados inadequados? O problema coloca-se menos em saber o que seria relevante e mais em saber o que é um fato? Afinal, o fato era que estudos preliminares estavam sendo feitos e, até aquele momento, a administração não tivera condições de concluir o trabalho. A comunicação da estatal, entretanto, na opinião do mercado, destacou mais o factoide, isto é, os estudos descartados que apontariam para perdas de até R$ 88,6 bilhões.
O momento evidentemente não ajudava na tomada de decisões mais racionais; os prazos que estavam pendentes dificultaram uma formatação melhor de como o emaranhado de acontecimentos seria apresentado. Além disso, a legislação sobre o tema não fornece muitos elementos para que a administração balizasse sua decisão de divulgar. Muito pelo contrário, prevalece o entendimento de que se deve agir com cautela: em caso de dúvida, divulga-se, para ao menos evitar o problema da assimetria de informação com seu eventual vazamento.
O resultado concreto é que o mercado reagiu à notícia dentro do esperado, jogando para baixo o preço do papel. Fora do pregão, tem-se que qualquer futura avaliação cujo resultado afaste-se dos R$ 88,6 bilhões será recebida com enorme desconfiança. Ou seja, algo saiu muito errado no trabalho de relações com investidores.
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