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Davos e o Brasil
6/2/2014

O Fórum Econômico Mundial acaba de realizar mais uma de suas concorridas assembleias que se realizam anualmente em Davos na Suíça. Participei de três ou quatro dessas reuniões antes de ser jubilado (pela idade e pelo custo!). Mesmo agora, acompanho com interesse as discussões, particularmente quando estamos representados, como foi o caso deste último encontro, em que nossa presidente esteve lá pela primeira vez.

O prestigioso jornal Financial Times, avaliando os resultados da reunião de 2014, avaliou que, malgrado nossa robusta representação, o Brasil saiu como grande perdedor do encontro. Na opinião daquele jornal, não era fácil ouvir algo de positivo sobre o Brasil em Davos. Ainda segundo o FT, o México teria sido o vencedor de Davos, pelo valor dos investimentos que foram anunciados no País e pelas reformas implementadas. Outros eleitos foram países africanos, como Nigéria, Tanzânia e Quênia. Percepções sobre a China foram consideradas neutras, com viés positivo. Já a Índia foi classificada de neutra a negativa.

Não é novidade para ninguém: a imagem que prevalece sobre nosso País vem se deteriorando. Passamos, após alguns anos surfando nas ondas do sucesso, a boiar nas marolinhas do crescimento insatisfatório. Há nessa percepção alguns fatores ponderáveis já fortemente debatidos, comentados e explorados (principalmente às vésperas de uma eleição), os quais, creio, não precisaria repassar aqui. No entanto, como de costume, extremos são indesejáveis.

Tenho dito em reuniões internacionais que aqueles que veem o Brasil com otimismo no curto prazo poderão ter desilusões, frustrações. Entretanto, aqueles que descartam o Brasil e nos consideram carta fora do baralho vão se surpreender.

Voltando a Davos, participei do encontro de 1999, que coincidiu com uma grave crise cambial. Pedro Malan, então ministro da Fazenda, não pode sair do País. Coube ao ministro das Relações Exteriores, na época Luiz Felipe Lampreia, falar sobre o Brasil e a mim, participar com ele dos debates que se seguiram sobre a situação nacional. Para complicar o que já não seria fácil na discussão, o ministro da Fazenda argentino Domingos Cavallo insistia em que deveríamos adotar um plano de conversibilidade, a exemplo do que adotara seu país — àquela altura com sucesso.

Naquele ano, em diferentes sessões, tratando de assuntos diversos, ouvíamos referências sempre muito negativas sobre o Brasil. Procuramos dar uma visão de longo prazo, salientando que iríamos, como constatamos mais tarde, dar a volta por cima.

Noutro momento de Davos, antes mesmo de sua posse, Lula compareceu. Pude testemunhar a receptividade com que o presidente recém-eleito foi recebido. Esperanças superaram as dúvidas! Numa reunião com vários presidentes da América Latina, sua presença ofuscou totalmente o interesse por outros países da região e passamos a ser vistos com outros olhos. A partir daí a história é conhecida: entramos gradualmente no radar dos investidores até a eleição da presidente Dilma.

Se faço essa análise, é para salientar que as percepções sobre nosso país se alternam; todavia, é difícil imaginar que, malgrado os problemas e desafios que temos pela frente, o Brasil possa ser descartado pelo seu enorme potencial de oportunidades. O País não deve ser olhado através de um instantâneo. Devemos, isso sim, ver o filme que alterna bons e maus momentos. Contudo, é evidente que aos trancos e barrancos evoluímos, e as crises são desafios que temos sabido enfrentar e vencer.

O clima é o problema a ser enfrentado hoje. Não apenas no sentido figurado, isto é, a atitude de países e agentes estrangeiros em relação ao Brasil, mas também no que se refere às consequências das altas temperaturas sobre produção e consumo de energia, safras agrícolas etc.


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