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Tokenização de ativos ganha apelo no mercado de capitais
Operações de debênture e FIDC feitas na blockchain oferecem custo reduzido e segurança para emissores
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Em junho, a plataforma Vórtx QR, regulada pela CVM, fez a primeira emissão de debêntures e cotas de FIDCs tokenizados. | Imagem: Freepik

O mercado de criptomoedas passa por uma fase turbulenta, apelidada de inverno cripto. Em junho deste ano, a capitalização desses ativos ficou abaixo de 1 trilhão de dólares pela primeira vez desde dezembro de 2020, segundo dados da CoinMarketCap. No entanto, essa recente derrocada parece não ter afetado os planos de emissores e plataformas que escolheram expandir seus negócios na blockchain. A rede de dados criptografados, onde as criptomoedas funcionam, é conhecida por sua descentralização — isto é, ausência de uma figura central que controle esse ambiente — e segurança, já que as informações registradas na blockchain não podem ser modificadas sem que haja um novo registro. A novidade é que, agora, fintechs e grandes players estão utilizando essa tecnologia para tokenizar investimentos tradicionais.  


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No último mês de maio, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) lançou uma espécie de cartilha sobre o assunto. Nela, o token é descrito como sinônimo de criptoativo e “pode ser definido como uma representação de valor ou direito contratual, protegido por criptografia, mantido em sistema de registro distribuído e passível de custódia, transferência e negociação em meio eletrônico.” Atualmente, tanto o Banco Central quanto a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) monitoram o desenvolvimento desse mercado em um ambiente experimental, com players selecionados, conhecido como sandbox regulatório.  

Foi nesse âmbito que, no mês passado, a plataforma Vórtx QR, regulada pela CVM, fez a primeira emissão de debêntures e cotas de fundo de investimento em direitos creditórios (FIDCs) tokenizados. A blockchain escolhida para suportar o projeto foi desenvolvida pela Hathor Network, criada por engenheiros brasileiros. As debêntures tokenizadas pela Vórtx foram emitidas pela Salinas Participações e movimentaram 74 milhões de reais. A operação foi coordenada pelo Itaú BBA. Já as cotas do FIDC QR Rispar Crédito Cripto, da QR Asset, captaram 8 milhões de reais. Em julho, foi a vez da fintech de crédito estudantil Pravaler captar recursos por meio de uma debênture tokenizada. A operação, também coordenada pelo Itaú BBA em parceria com a Vórtx QR, levantou 60 milhões de reais, que serão utilizados pela empresa para investimento na sua estrutura de tecnologia. 

Como as operações integram o sandbox regulatório, que é um ambiente de teste, apenas investidores qualificados e profissionais puderam participar das ofertas. Mas o objetivo é que, no futuro, o investidor pessoa física também possa acessar esses ativos. A participação do varejo é considerada fundamental para dar liquidez aos negócios e ajudar na construção de um mercado secundário regulado de tokens. Assim, o investidor não ficará “preso” com o investimento e terá facilidade para encontrar compradores quando decidir se desfazer de alguma posição.  

A tokenização também tende a baratear os custos de captação, abrindo espaço para ofertas menores. Numa oferta de debêntures tokenizadas, por exemplo, não há necessidade de o emissor se preocupar com a contratação de intermediários, como corretora e custodiante. O investidor pode comprar a debênture diretamente por meio de uma plataforma.  

Os grandes entram no jogo 

E não são só as fintechs que estão de olho nesse mercado. No dia 14 de julho, o Itaú se tornou a primeira grande instituição financeira a entrar diretamente nesse segmento, com o lançamento de sua tokenizadora, a Itaú Digital Assets. Segundo o banco, a divisão foi criada para atender a uma crescente demanda por ativos digitais, e a ideia é colocar produtos tokenizados à disposição de clientes do varejo ainda neste ano. 

A tokenizadora do Itaú será responsável pela emissão, distribuição e custódia desses ativos. O banco prevê que, nos próximos anos, cerca de 10% dos ativos negociados no mercado serão tokens. A estratégia também segue a lógica de que, havendo uma redução de custos nas operações, os investidores poderão obter taxas de serviço menores.  

O Itaú vinha trabalhando no desenvolvimento de tecnologias em blockchain desde 2015, em paralelo ao seu processo de digitalização. Em janeiro deste ano, investiu 27,5 milhões de reais na Liqi, uma startup de tokenização e exchange de criptoativos. A criação de uma tokenizadora própria é vista não só como um movimento de adequação às novas tendências do mercado, mas também como uma resposta aos desafios advindos da concorrência com as fintechs.  

E, ao que tudo indica, a tokenização é um caminho sem volta. Assim como a CVM, o Banco Central tem uma iniciativa de sandbox regulatório, da qual fazem parte nove projetos que buscam viabilizar a criação de uma moeda digital brasileira, o que facilitará ainda mais a transação com tokens. Se essa mudança do analógico para o digital for mesmo capaz de reduzir custos e oferecer segurança, é certo que a tokenização se tornará uma opção cada vez mais procurada pelos participantes do mercado de capitais. 

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