Se os efeitos econômicos da pandemia estão causando estrago para os bolsos dos trabalhadores mundo afora, também não deixaram tranquilos os CEOs de empresas abertas integrantes do FTSE 100, principal índice da Bolsa de Valores de Londres. Levantamento feito pela PwC verificou que, neste ano, a média anual de remuneração dos presidentes dessas companhias recuou 9% ante 2020, para 2,9 milhões de libras esterlinas.
Desses executivos, 45% não tiveram aumento da remuneração em 2021 — ou seja, ficaram com os salários congelados —, um percentual elevado, mas ligeiramente inferior ao registrado no ano passado (52%). Diferentemente do que aconteceu em outras crises de grande magnitude, quando a queda ou congelamento de salários foi compensada por bônus, em 2021 um terço dos CEOs das empresas da amostra não recebeu esses pagamentos extras, o que corresponde ao dobro do verificado em 2020. A ausência pode ser explicada por falha em relação ao cumprimento de metas estabelecidas ou por cancelamento em virtude das dificuldades que as companhias enfrentam em meio à pandemia.
Métricas ESG
Vale destacar que hoje as metas que disparam o pagamento de bônus a CEOs incluem também métricas ESG. Segundo a PwC, 60% das companhias que fazem parte do FTSE 100 já incorporam esses aspectos na política de remuneração extra de seus executivos.
Embora atenda a uma demanda de acionistas e ao bom senso (afinal, é muito desconfortável, do ponto de vista da governança, uma empresa pagar salários e bônus milionários ao alto escalão enquanto os dividendos e os ganhos dos funcionários minguam), a queda na remuneração dos líderes das companhias abertas gera algumas preocupações. Uma das principais é a concorrência por talentos representada por empresas listadas em outros mercados, como o americano, e por negócios de capital fechado, que não estão sujeitos a pressões de acionistas e a escrutínio público.
Para 2022, a expectativa é de continuidade das restrições à remuneração mais polpuda de CEOs das companhias do FTSE 100, com reforço das resistências dos acionistas à ampliação dos valores pagos. Essa resistência, por sinal, ficou clara na mais recente temporada de assembleias gerais no Reino Unido, com atuação mais crítica das consultorias de recomendação de voto como a ISS.
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