O movimento em direção a investimentos que consideram fatores ambientais, sociais e de governança (ESG) visa enfrentar questões globais urgentes, como as mudanças climáticas e as desigualdades racial e de gênero. Mas, silenciosa e ironicamente, pode estar exacerbando outros problemas de ordem socioeconômica. Essa é a conclusão de um estudo feito pela StoneX, corretora com sede em Nova York. A análise verificou que fundos ESG estão alocando ativos em companhias que pagam menos impostos e oferecem uma menor quantidade de empregos do que muitas contrapartes com classificações mais baixas em métricas de sustentabilidade.
A StoneX observou que há uma relação inversa quase perfeita entre as classificações ESG das empresas e suas taxas efetivas de impostos. Basta observar as empresas listadas no índice americano Russell 1000 que receberam a pontuação máxima (triplo A) na classificação ESG da Morgan Stanley Capital International (MSCI). Segundo o estudo, essas companhias pagaram uma taxa média de impostos de 18,4% em 2020, enquanto as empresas com a pontuação mais baixa (triplo C) pagaram por volta de 27,5%.
Questão setorial
Para os responsáveis pelo levantamento, essa discrepância na arrecadação de impostos é parcialmente motivada por particularidades setoriais. Algumas bigtechs, por exemplo, têm classificações altas em métricas de sustentabilidade, mas arbitram diferenças nos regimes fiscais entre os países em que operam e têm muitos ativos intangíveis, que podem ser enquadrados na jurisdição fiscal mais favorável, diminuindo o total de impostos pagos.
A Microsoft é uma das companhias que se enquadram nesse grupo. Com pontuações altas nas principais métricas ESG e auxiliada por uma política interna de incentivo aos direitos humanos, à preservação da biodiversidade e de emissão zero de carbono, a empresa pagou uma taxa efetiva de impostos de apenas 16% nos últimos oito anos, em comparação com os 47% pagos pelos serviços universais de saúde com classificação triplo C.
Ao comparar as 15 empresas do índice S&P 500 com as melhores e piores classificações ESG, a StoneX constatou que o primeiro grupo, que inclui Apple, Microsoft e PepsiCo, emprega 1,9 milhão de pessoas. Já o grupo com pontuação menor, que conta com nomes como Walmart, Philip Morris International e Boeing, possui 5,1 milhões de funcionários. Logo, os analistas da StoneX concluem que, em um cenário em que as classificações ESG são determinantes para a alocação de recursos, os fundos com foco nesse segmento priorizam companhias que estão impulsionando uma crise socioeconômica associada ao aumento de monopólios, à automação do setor industrial e à desigualdade de renda.
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