Não é novidade que a crise causada pela pandemia de covid-19 estremeceu os mercados de títulos de dívida corporativa em todo o mundo. Para tentar evitar que o caos se repita em novas situações críticas, a International Organization of Securities Commissions (Iosco), que representa órgãos reguladores de diversos países, está determinada a encontrar maneiras de melhorar a liquidez e o funcionamento desse mercado.
Criado na década de 80, ele sofreu um boom após a crise financeira de 2008, quando os bancos passaram a reduzir o acesso a crédito. Como saída, as companhias recorreram à emissão de títulos de dívida para financiar suas atividades. “O funcionamento ordenado do mercado de dívida corporativa é crucial para as necessidades da economia real. E os acontecimentos de março de 2020 nos levam a questionar o que pode ser feito para aprimorá-lo”, afirma o secretário-geral da Iosco, Martin Moloney.
Uma das principais preocupações da organização é com a liquidez desses títulos. Normalmente, ela já é baixa se comparada com os mercados de ações e títulos públicos, mas, durante a pandemia, mingou ainda mais. Nas duas primeiras semanas de março de 2020, a oferta de novos títulos de dívida ficou estagnada na maioria dos países, o que prejudicou as negociações no mercado secundário e gerou distorções nos preços. Diante desse quadro, os bancos centrais se viram obrigados a cortar as taxas de juros e a lançar programas emergenciais de compra de títulos de dívida corporativa como forma de evitar um colapso maior nos mercados globais.
O receio é que agora que os bancos centrais estão aumentando os juros para controlar a inflação e começando a reverter seus programas de compra de títulos corporativos, o caos se instale novamente. “Temos que pensar em alternativas para reforçar a resiliência do mercado de títulos de dívida. Sua liquidez é fraca e, se houver uma súbita e forte pressão vendedora, pode ser que ele não seja capaz absorvê-la”, observa Moloney.
Para estimular o debate sobre o assunto, a Iosco publicou um relatório detalhado a respeito do tema e espera comentários do mercado até o dia 6 de julho.
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