A crise da covid-19 tende a mudar a realidade global para fusões e aquisições nos próximos anos. Segundo o relatório The 2020 M&A Report, do Boston Consulting Group (BCG), um cenário socioeconômico disruptivo e marcado por incertezas fez com que o modelo clássico de operações de M&A abrisse espaço para negócios alternativos. Em vez de adquirir controle majoritário e integrar uma companhia-alvo, as empresas buscam cada vez mais adquirir participações minoritárias ou estabelecer acordos cooperativos — como joint ventures, alianças estratégicas ou investimentos corporativos em capital de risco.
“Alianças estratégicas e joint ventures podem ser uma boa alternativa inicial para se ‘testar as águas’ antes de entrar em um movimento mais definitivo de M&A. Esse tipo de acordo é mais adequado do que uma aquisição definitiva quando os participantes estão unindo forças para um propósito e por um período limitado de tempo — normalmente 3 a 10 anos para alianças e 10 a 20 anos para as joint ventures, com cláusulas de extensão automática. Uma colaboração mais livre também pode ser preferível ao fazer parceria com um startup ou uma empresa de um setor diferente, considerando a complexidade da integração, principalmente do ponto de vista cultural”, explica Bruno Vasconcellos, diretor do BCG no Brasil. “Os negócios alternativos cresceram em popularidade nos últimos anos e parece que continuarão a ser atraentes para a colaboração corporativa durante a crise do coronavírus, bem como durante a recuperação imediata pós-pandemia e os anos seguintes”, complementa.
Alianças, parcerias, investimentos minoritários e joint ventures
No primeiro semestre de 2020, a atividade de M&A foi interrompida tão abruptamente quanto a economia global — o volume de negócios em abril foi 80% menor do que em dezembro de 2019, de acordo com o BCG. Porém, o número de operações começou a dar sinais de melhora em maio e junho.
No relatório M&A Trends Survey: The future of M&A, a Delloite mostra que muitos executivos acreditam que os negócios alternativos estão ultrapassando rapidamente as atividades tradicionais de M&A à medida que a busca por valor se intensifica em um ambiente de baixo crescimento. Quando questionados sobre quais tipos de negócios suas organizações estão mais interessadas em realizar, 45% desses profissionais indicaram preferir alternativas aos M&As tradicionais, incluindo alianças, joint ventures e empresas de aquisição de propósito específico (Spac, na sigla em inglês). Já os investidores de private equity planejam permanecer focados em aquisições tradicionais (53%), ao mesmo tempo em que buscam outras opções (32%).
“Os executivos se moveram rapidamente para se adaptar e gerar valor de maneiras diferentes e inovadoras, uma vez que a mudança sistêmica impulsionada pela pandemia resultou em abordagens alternativas para as transações”, diz Russell Thomson, sócio da Deloitte e líder da área de M&A da empresa nos Estados Unidos (EUA).
Benefícios e riscos
As empresas usam alternativas ao M&A tradicional para obter acesso a recursos que as ajudem a enfrentar não apenas a crise causada pelo coronavírus, mas também as tendências atuais, como a disrupção tecnológica e a convergência das indústrias.
As duas razões mais comumente citadas são as tendências de longo prazo. De acordo com o estudo do BCG, 54% dos entrevistados afirmam que buscam negócios alternativos para incorporar novas tecnologias e transformar o modelo de negócio; 45% deles também citam o compartilhamento de riscos e ganhos de experiência.
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Mas a importância crescente de negócios alternativos é justificada pela perspectiva de criação de valor? No curto prazo, sim. Especialistas do BCG mostram que, desde 1990, os investidores parecem cada vez mais receptivos ao uso de alianças e joint ventures pelas empresas.
A criação de valor a longo prazo, entretanto, tem sido mais desafiadora — apenas 59% desse tipo de negociação é considerado bem-sucedido e gerador de retornos expressivos após um ou dois anos. O resultado obtido pelo BCG mostra que, nesse sentido, negócios alternativos são análogos aos M&As tradicionais: dependem da experiência das empresas na gestão de fusões e aquisições e devem superar desafios de integração e sinergia para ter sucesso.
Para a PwC, o sucesso ou fracasso é questão de visão estratégica e de longo prazo. “As empresas que abordam as fusões e aquisições como parte de um plano estratégico de longo prazo estarão em melhor posição para capitalizar as oportunidades apresentadas neste clima desafiador”, escreve em seu relatório de tendências em M&A. Além disso, a crise de 2008 deixou uma lição importante: companhias que tomam a dianteira e não abrem mão de operações de fusões e aquisições em períodos de incerteza econômica obtêm retornos médios mais elevados do que aquelas que preferem esperar a retomada da economia.
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