O objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a menos de 2°C até o final do século, preferencialmente a 1,5°C, é uma tarefa complexa. A urgência, finalmente, impactou investidores e reguladores, cada vez mais atentos ao avanço da pauta em companhias abertas, mas os esforços estão longe de conseguir conter a crise climática. No ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa, as empresas com ações listadas em bolsa de valores ultrapassarão os limites estabelecidos pelo Acordo de Paris em pouquíssimo tempo — 5 anos e 6 meses.
A conclusão é do MSCI, provedor global de dados e índices para investidores. O relatório MSCI Net-Zero Tracker avalia 9.260 empresas de 50 economias desenvolvidas e emergentes, que representam 99% dos ativos negociados em bolsas mundiais. Este grupo de companhias é rastreado pelo índice MSCI ACWI Investable Market Index (IMI), capaz de calcular a contribuição coletiva das empresas para o total de emissões de gases de efeito estufa, mostrando o progresso do mercado de capitais na transição para uma economia de baixo carbono.
As empresas rastreadas pelo MSCI ACWI IMI emitem, anualmente, cerca de 10,9 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa de forma direta, o que corresponde ao Escopo 1 do Acordo de Paris. Considerando somente essa categoria, em 2026 as empresas já terão esgotado suas cotas de emissões para limitar o aquecimento global a 1,5°C — e, em 2042, a cota para manter o aumento da temperatura abaixo de 2°C.
Mercados atrasados
A análise do MSCI também identificou os maiores emissores que não conseguiram atender aos critérios de divulgação exigidos por investidores institucionais, interessados em compreender o que fazem as companhias abertas para reduzir riscos climáticos. A lista de retardatários é liderada por empresas estatais listadas na Índia e na China, incluindo algumas gigantes como a Coal India, a Shaanxi Coal and Chemical Industry e a China State Construction Engineering.
O fato de companhias indianas e chinesas ocuparem o topo da lista faz lembrar a fala recente de Larry Fink, CEO da BlackRock, na qual ele afirma que a transição para uma economia neutra em carbono precisa ser justa e não pode deixar os países emergentes para trás. “O desenvolvimento econômico em cada mercado emergente vai depender do quão rapidamente eles se tornarão verdes. Isso também exigirá enormes quantidades de capital. Precisamos repensar a forma como instituições financeiras internacionais podem apoiar em escala investimentos de baixo carbono”, disse Fink durante conferência paralela ao encontro do G-20 no domingo, dia 11.
Frear o aquecimento global em 1,5°C exigirá que as empresas listadas limitem coletivamente as futuras emissões a 61,4 gigatoneladas até 2050. Agir em conjunto será mais necessário do que nunca. O que não se sabe é se haverá tempo suficiente.
Nota
Confira o estudo do MSCI na íntegra aqui
Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.
Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.
User Login!
Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.
Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais
Ja é assinante? Clique aqui