A onda de calor que causou temperaturas recordes no Noroeste dos Estados Unidos e no Oeste do Canadá foi uma pequena demonstração dos danos socioeconômicos causados pelo aquecimento global. Além de centenas de mortes atribuídas ao calor de cerca de 45 graus celsius, diversos negócios naquelas regiões foram suspensos devido ao risco à saúde de colaboradores e à integridade das operações. Atentos a isso, investidores institucionais como BlackRock e Aviva Investors têm pressionado empresas do setor privado a relatarem os riscos climáticos aos quais estão expostas e as medidas tomadas para mitigá-los. O movimento levou a Financial Conduct Authority (FCA), órgão regulador britânico, a estender a exigência de divulgação de relatórios climáticos à maioria das empresas listadas no Reino Unido, bem como às gestoras nacionais de recursos.
Ao anunciar a medida, a FCA espera que 98% dos ativos sob gestão no mercado britânico sejam cobertos por esses relatórios, que devem ser divulgados tanto por empresas listadas no segmento standard quanto no premium. “As divulgações relacionadas ao clima ainda não atendem às necessidades dos investidores e participantes do mercado, um problema que as novas regras procuram resolver”, disse Sheldon Mills, diretor executivo de consumo e concorrência da FCA, durante o lançamento da consulta pública sobre as propostas na última terça-feira. Empresas listadas no segmento premium da London Stock Exchange já eram obrigadas pelo regulador a divulgar relatórios relacionados ao clima, em linha com o framework desenvolvido pela Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TFCD).
Sob as regras propostas pela FCA, as empresas, os gestores de recursos, as seguradoras e os fundos de pensão serão obrigados a explicar como levam em conta os riscos relacionados ao clima, sejam as ameaças físicas ou aquelas ligadas a possíveis mudanças regulatórias. Será preciso delinear, de forma consistente e comparável, o impacto que esses riscos podem ter nos ativos. No caso de gestores de recursos com alta exposição aos setores intensivos em carbono, os quais a FCA ainda não definiu, devem destacar como seus ativos serão afetados nos casos de uma transição “ordenada” e de uma transição “desordenada” para a economia de baixo carbono.
A FCA propôs que as regras entrassem em vigor para empresas listadas no segmento standard a partir de 2022, com as primeiras divulgações publicadas em 2023. Segundo o regulador, ficarão isentas da obrigação firmas com menos de 5 bilhões de libras em ativos devido aos altos custos para desenvolver os relatórios.
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