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Há risco de uma nova (e devastadora) bolha financeira? 
Alerta da ONU intensifica preocupação sobre especulação no mercado de capitais global 
Bolha financeira

Imagem: Freepik

Em um cenário de alta liquidez, ninguém quer desperdiçar a chance de obter ganhos vultosos. Um olhar rápido sobre Wall Street permite que se encontre sinais de excesso especulativo — recordes históricos da Nasdaq e da Dow Jones em janeiro, alta repentina no volume de negociações de penny stocks, investimentos desmedidos em segmentos da moda. Agora, a Organização das Nações Unidas (ONU) identifica o que muitos temem: condições criadas pela crise da covid-19 estão alimentando uma “bolha financeira massiva”. 

Segundo ONU, os pacotes de estímulo criados pelos governos para amenizar os impactos da crise já totalizam 12,7 trilhões de dólares, sendo 5,8 trilhões de apoio à liquidez. Embora esses pacotes visem proteger empregos e sustentar o consumo, eles têm provocado uma liquidez excessiva aliada a uma inflação baixa. Como resultado, investidores correram para as bolsas de valores, que apresentaram altas importantes nos últimos meses. 

Hoje, o que se vê em uma série de economias, tanto desenvolvidas quanto emergentes, é um combo potencialmente nocivo que combina supervalorização de ativos, emissão frenética de moedas pelos bancos centrais e comportamento altamente especulativo dos investidores. “Pesquisas revelam o que os investidores estão dizendo, mas indicadores de mercado refletem como eles estão realmente agindo — e os indicadores mostram uma especulação que continua a crescer”, diz nota assinada pela Ned Davis Research.  

O ano de 2021 não demorou para deixar isso claro. Durante as primeiras semanas de janeiro, o índice S&P 500 subiu 1,9%, a maior alta desde novembro, enquanto o Ibovespa atingia a marca de 125 mil pontos pela primeira vez. Ações de tecnologia também bateram recordes no mundo todo, com menção honrosa para a Tesla, que continua a desafiar a opinião de analistas. Também chamaram a atenção os fundos de ações americanos negociados em bolsa — eles arrecadaram 7 bilhões de dólares, liderados por estratégias que rastreiam os temas mais quentes, desde energia solar até robótica.  

Sinal vermelho 

Contudo, essa euforia gera cada vez mais preocupação. Enquanto os índices do mercado acionário já indicam uma desaceleração de altas sucessivas, o relatório “World Economic Situation and Prospects 2021” argumenta que a economia global está por um fio e que esse cenário tende a piorar. “O aumento da liquidez global contribuiu para a subavaliação do risco nos mercados financeiros, o que representa uma ameaça à estabilidade financeira de longo prazo”, diz o relatório. A organização também observa que esse excesso de liquidez foi usado para aquisições de ativos financeiros em vez de investimentos fixos, importantes para estabilizar e impulsionar as economias. 

O alerta da ONU faz eco ao que defendem alguns megainvestidores, entre eles Carl Icahn, famoso no mercado de fusões e aquisições, e Jeremy Grantham, cofundador da GMO. “O longo, muito longo período de alta do mercado, desde 2009, finalmente amadureceu e tornou-se a bolha épica que tinha direito”, opina Grantham em carta pública. O megainvestidor, que previu crises anteriores, já havia alertado sobre essa possibilidade em junho de 2020, e agora dobra as suas apostas: “Acredito que esse evento será registrado como uma das maiores bolhas financeiras da história”. 

É relativo 

Já as instituições financeiras, apesar de expressarem pontos de preocupação, estão menos pessimistas e acreditam que o risco é limitado. Estrategistas do Goldman Sachs e do J.P.Morgan, por exemplo, afirmam que o excesso especulativo na economia americana é evidente em special purpose acquisitions (SPACs) e em ações de alto crescimento e com múltiplos elevados — porém, eles indicam que as avaliações de mercado ainda estão abaixo da média histórica ao levar em consideração os rendimentos do Tesouro e o crédito corporativo. 

O Citigroup compartilha essa visão. Ao avaliar os preços das ações globais, a equipe de estratégia do banco concluiu que mesmo as ações caras negociadas nas bolsas americanas ainda têm espaço para se valorizar. Ainda que não recomendem a ninguém perseguir uma bolha financeira, a equipe observou que, se o Capes (sigla em inglês para cyclically-adjusted price-earnings) atingir novas altas, os índices dos EUA podem subir de 50 a 100% em 2021. 


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