Limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2050 para que os piores efeitos da crise climática não se concretizem exige esforços conjuntos dos setores público e privado. E seja por consciência sobre a importância do tema ou para agradar os stakeholders, a cada dia mais as empresas anunciam metas que visam o NetZero — ou, em outras palavras, a neutralização de suas emissões líquidas de gases de efeito estufa. Mas de acordo com o relatório da organização não-governamental As You Sow, grande parte delas não está progredindo a contento.
Entre as 55 maiores companhias americanas, apenas três — Microsoft, PepsiCo e Ecolab — tiveram os seus esforços para redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) classificados como “A” pela ONG. Cerca de 84% das empresas foram avaliadas com “D” ou “F”.
“Parte do problema é a falta de ambição das empresas”, diz Danielle Fugere, presidente da ONG. “Se todas as decisões da organização não forem orientadas para o NetZero, os progressos serão insuficientes”.
A As You Sow, que busca promover a responsabilidade social no meio corporativo, avaliou em seu relatório três aspectos: o que as empresas revelam sobre suas emissões, quais metas elas estabeleceram para reduzi-las e como têm progredido. O resultado da pesquisa evidencia o descompasso entre os objetivos estabelecidos por grandes corporações dos Estados Unidos e as metas recomendadas por cientistas da Science Based Targets, iniciativa formada pelas Nações Unidas em conjunto com o CDP (Carbon Disclosure Project), a WWF (World Wide Fund for Nature) e o WRI (World Resources Institute).
Cerca de 66% das companhias avaliadas falharam em criar metas capazes de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, segundo a As You Sow. Das 35 empresas que possuem algum tipo de meta nesse sentido, apenas 16 tratam efetivamente de emissões de Escopo 1 (emissões diretas) e de Escopo 2 (emissões indiretas, provenientes do uso de energia elétrica).
O cenário relevado pelo relatório é ainda mais preocupante quando o assunto são emissões de Escopo 3, decorrentes da cadeia de suprimento das companhias. Essa categoria de emissões só entrou na mira de duas empresas analisadas: Apple e Microsoft. Já a gigante do setor de petróleo e gás Crevron, que atribui 91% de suas emissões ao Escopo 3, possui metas apenas para os Escopos 1 e 2. A companhia recebeu a classificação “F”.
E para quem acredita que empresas como a Crevron podem se apoiar largamente no mercado de crédito de carbono para compensar suas emissões, a presidente da As You Sow faz um alerta: “não há compensações suficientes no mundo capazes de permitir que as empresas continuem a fazer negócios da mesma forma que hoje”. Por isso, ela recomenda que as companhias promovam iniciativas para reduções de emissões internas e na sua cadeia de fornecimento.
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