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Fenômeno das Spacs perde força nos EUA, mas avança na Europa 
Bolsas europeias observam crescimento dessas sociedades, com destaque para o mercado holandês
Fenômeno das Spacs perde força nos EUA, mas avança na Europa 

Nos Estados Unidos, concretiza-se o que especialistas já haviam alertado: não há empresas-alvo suficientes para satisfazer o apetite das Spacs e de seus investidores por companhias inovadoras e com alto potencial de crescimento | Imagem: Freepik

Após meses de frenesi, a onda de special purpose acquisition companies (Spacs) dá sinais de perder força em Wall Street. Chamadas de empresas de “cheque em branco”, as Spacs correspondem a negócios criados com o propósito de captar recursos por meio de ofertas iniciais de ações (IPOs) para, em um intervalo de 24 meses, adquirir empresas que passam a ser listadas após a operação. Com um mercado supersaturado, com cerca de 600 Spacs listadas em bolsa, concretiza-se nos Estados Unidos o que especialistas já haviam alertado: não há empresas-alvo suficientes para satisfazer o apetite das Spacs e de seus investidores por companhias inovadoras e com alto potencial de crescimento. 

Segundo a Reuters, cerca de 100 Spacs que realizaram fusões em 2021 não conseguiram manter a alta no preço das ações após anunciar a operação e voltaram a negociar a 10 dólares, preço fixado dos papéis em IPO, o que sugere que os investidores não estão impressionados com os acordos. Ao contrário, estão prontos para abrir mão de suas posições assim que as operações forem anunciadas.  

O reflexo da insatisfação de investidores pode ser visto no ETF Defiance Next Gen SPAC Derived Exchange-Traded, que rastreia tanto empresas que abriram o capital por meio de Spacs quanto Spacs que ainda estão em fase de negociação. Entre fevereiro e maio, o fundo de índice caiu cerca de 30% e atingiu o nível mais baixo no semestre. Até mesmo os papéis de algumas empresas consideradas grandes promessas desse setor, como a fabricante de baterias de lítio QuantumScape Corp. e a empresa de turismo espacial Virgin Galactic Holdings Inc., registraram queda de 50% ou mais durante o período.  

Especialistas atribuem essa virada à debandada de hedge funds e ao menor interesse dos investidores de varejo, que decidiram priorizar outros ativos especulativos, como as criptomoedas. Por trás do desempenho inferior das Spacs também está o aumento do escrutínio regulatório da Securities and Exchange Commission (SEC), que emitiu uma série de alertas ao mercado nos últimos meses. 

Spacs europeias 

Até agora, os sponsors europeus deram preferência às bolsas americanas para listar suas Spacs. Exemplos recentes incluem o investidor alemão Rocket Internet, que lançou a Spac Rocket Internet Growth Opportunities em março, e o ex-CEO do Credit Suisse, Tidjane Thiam, cofundador da Freedom Acquisition I Corp. Mas uma possível restrição da SEC e a saturação do mercado nos Estados Unidos tornaram a Europa mais atraente, especialmente para as Spacs que procuram ativos fora dos EUA. 

Em 2021, as bolsas americanas já receberam 325 Spacs, que levantaram cerca de 103,6 bilhões de dólares, de acordo com dados do Spac Research. Em contrapartida, a Europa registrou neste ano o IPO de somente 17 Spacs, que captaram 2,67 bilhões de dólares. Apesar do número mais modesto, ele já superou o total de Spacs que se listaram na Europa em anos anteriores — em 2020, foram 12, e, em 2019, apenas uma. Neste ano, também foram lançadas Spacs maiores no continente. Somente em abril, a Pegasus Europe, apoiada pela Tikehau Capital, captou 500 milhões de euros, enquanto a 468 Capital levantou 300 milhões de euros. 

Liderança holandesa 

É inevitável que um possível boom de Spacs na Europa tenha diferenças importantes em relação ao fenômeno observado nos EUA, em que há maior volume de capital e número de sponsors em potencial. Mas existem mercados europeus que começam a despontar como polos de Spacs.  

Por ora, a Holanda está na liderança e a bolsa de valores de Amsterdã é uma das promessas. Ela tem uma estrutura semelhante à das bolsas americanas e possibilita que investidores se desfaçam de suas posições em Spacs assim que elas anunciam o nome da empresa-alvo. Na última semana, a gestora britânica Hedosophia levantou 460 milhões de euros com o IPO de uma empresa de cheque em branco, a Hedosophia European growth, em Amsterdã. 

Por outro lado, existem países e nações mais restritivos, que podem demorar mais para entrar nesse mercado. As bolsas do Reino Unido, por exemplo, suspendem a negociação das ações uma vez que uma Spac identifica uma empresa-alvo, o que limita a liberdade de investidores. Entre março e abril, foi divulgado um relatório encomendado pelo governo britânico que sugere afrouxamento da regulamentação sobre listagens de Spacs em bolsa e o órgão regulador Financial Conduct Authority lançou uma consulta pública sobre as mudanças propostas.

 

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