Pesquisar
  • Captação de recursos
  • Gestão de Recursos
  • Fusões e aquisições
  • Companhias abertas
  • Governança Corporativa
  • Sustentabilidade
Menu
  • Captação de recursos
  • Gestão de Recursos
  • Fusões e aquisições
  • Companhias abertas
  • Governança Corporativa
  • Sustentabilidade
Assine
Pesquisar
Fechar
Biologia sintética: a nova aposta dos investidores
Avanço de startups dessa área ameaça domínio de gigantes e atrai investimentos bilionários
  • Rejane Aguiar
  • agosto 23, 2021
  • Negócios e Inovação, Reportagens
  • . covid-19, Biologia sintética
Biologia sintética: a nova aposta dos investidores
Os laboratórios Pfizer, BioNTech e Moderna inseriram numa molécula uma mensagem certeira para o sistema imunológico humano atentar para a eventual chegada do inimigo Sars-Cov-2 | Imagem: freepik

Quando a pandemia pegou o mundo de surpresa, no início de 2020, quase nada se sabia sobre a dinâmica da covid-19 e da transmissão do novo coronavírus. Mas, por se tratar de uma doença infecciosa, havia convergência dos especialistas em torno de um ponto: a superação da crise necessariamente passaria pela vacinação. O problema é que o desenvolvimento de vacinas sempre foi demorado, levando em média de 10 a 15 anos — sendo o recordista em rapidez o imunizante contra a caxumba, que demandou quatro anos. Pois a biologia sintética mudou tudo: saindo do estágio da pesquisa acadêmica para a escala industrial a passos largos, essa tecnologia permitiu que em pouco menos de um ano pelo menos duas vacinas já estivessem nos braços das pessoas. Como num filme de ficção científica mais sutil, em que as novidades são menos espalhafatosas que carros voadores e viagens corriqueiras a outros planetas, os laboratórios Pfizer, BioNTech e Moderna inseriram numa molécula uma mensagem certeira para o sistema imunológico humano atentar para a eventual chegada do inimigo Sars-Cov-2. 

O RNA mensageiro, tecnologia de base dessas vacinas, faz parte de um conjunto bem mais amplo de aplicações dos achados da biologia sintética. Numa explicação de caráter didático, trata-se de manipular geneticamente micro-organismos — principalmente bactérias e fungos — para que possam fazer determinados “trabalhos” de interesse dos seres humanos. O leque de aplicações é do tamanho da nossa sempre surpreendente criatividade: vai de agricultura à produção de tecidos, do armazenamento de dados a medicamentos de precisão. 

Amplo alcance 

Essa verdadeira — e discreta — revolução vai permitir que atividades econômicas continuem rodando a pleno vapor, a despeito de limitações que provavelmente vão ocorrer com a emergência climática e com a escassez de recursos naturais. Para seguir nessa trilha, pesquisadores e startups vão precisar de financiamento, e os investidores globais já perceberam essa demanda, assim como grandes empresas que podem ver ameaçados nichos de mercado com a substituição de seus produtos por versões “sintéticas” mais baratas e sustentáveis. 

Um bom exemplo dessa relação entre tecnologia e capital é a americana Ginkgo Bioworks, que está prestes a abrir o capital em Nova York, com a expectativa de captar cerca de 15 bilhões de dólares. Investida da Spac (special purpose acquisition company) Soaring Eagle Acquisition Corp, a companhia trabalha com a manipulação de bactérias capazes de sintetizar nitrogênio do solo (tarefa que poucos seres vivos conseguem fazer na natureza) para que elas façam essa captação numa escala muito maior, conforme as necessidades do agronegócio. Com isso, várias culturas poderiam prescindir do uso de fertilizantes, cuja fabricação depende de nitrogênio e de uma indústria calcada na exploração de combustíveis fósseis. 

Se cai a demanda por fertilizantes sintéticos, cai a receita das indústrias, como a alemã Bayer. Não por acaso, a companhia, ainda em 2017, criou uma joint venture com a Ginkgo Bioworks, a Joyn Bio, especializada na captação de nitrogênio do solo por meio de biologia sintética. Como se dizia antigamente, se não pode vencê-los, junte-se a eles. Os especialistas acreditam que serão muito amplos os efeitos dessa área da tecnologia, e em praticamente todos os setores, mas em ritmos diferentes. Inicialmente (prazo de cinco anos), a expectativa é de impactos sobre saúde e beleza, dispositivos médicos e eletrônicos; em dez anos seriam atingidos produtos químicos, têxteis, moda e tratamento de água. Num prazo mais longo, a biologia sintética chegaria aos segmentos de mineração, eletricidade e construção civil. O BCG Henderson Institute calcula que o alcance da biologia sintética chegará, em 2030, a empresas e setores que hoje representam 30% do PIB mundial, o que corresponde a uma montanha de 28 trilhões de dólares. 

Interesse dos investidores 

Sempre ávidos por oportunidades com perspectivas de robustos retornos no futuro, os investidores têm sido generosos nos aportes às startups de biologia sintética (também conhecidas como syn-bio). Estima-se que os investimentos tenham somado 8 bilhões de dólares em 2020, montante que já cresceu substancialmente neste ano, tendo atingido 4,6 bilhões de dólares apenas no primeiro trimestre. Dinheiro é fundamental nessa indústria, já que sem ele as pesquisas não podem avançar; igualmente essencial é o apetite para risco, considerando que muitos dos testes dos desenvolvedores de novas aplicações podem simplesmente não funcionar. 

Principalmente nos Estados Unidos, a biologia sintética já faz parte da realidade de muitas empresas interessadas em uma atuação mais sustentável — demanda recorrente em tempos de ESG. Ela facilita a produção de corantes de jeans (que, no processo tradicional, é extremamente poluente) por meio de micro-organismos alimentados com açúcar; permite a fabricação de “carne” com base em células-tronco retiradas de animais e ovos (ideia que agrada a crescente procura por alimentos que não envolvam sofrimento animal ou o desmate de amplas áreas para pecuária); viabiliza a chamada “seda de aranha”, ao inserir em DNA de bactérias uma instrução para que produzam fios de teia de aranha, material de resistência ímpar, para tecidos (o que no futuro teria potencial para substituir a pouco sustentável produção de algodão). 

Não à toa, as startups de syn-bio têm ganhado cada vez mais popularidade e chegado até à bolsa de valores no exterior. No Brasil, entretanto, o segmento é incipiente e não há investimentos de porte nessa tecnologia. O que mais se aproxima dessa ideia por aqui, pelo menos no setor de alimentos, é o negócio de empresas como a Fazenda Futuro, foodtech baseada no Rio de Janeiro que produz “carne” feita de vegetais (beterraba, ervilha, grão de bico). A tecnologia desenvolvida pela startup simula os sabores de carnes de boi, frango e porco. Frequentemente citada nas listas de candidatos a unicórnios (startups com valuation de pelo menos 1 bilhão de dólares) nacionais, a Fazenda Futuro em setembro de 2020 recebeu um aporte de 21,6 milhões de dólares, em rodada liderada por BTG Pactual e Monashees.   

À parte os desafios tecnológicos e de escala da biologia sintética, aspectos que parecem perfeitamente superáveis, colocam-se diante de pesquisadores, empresas e investidores questões éticas. Como aconteceu com inovações como a fertilização in vitro e a clonagem de seres vivos, questiona-se quais seriam os efeitos dessa espécie de brincadeira de Deus. Ainda não se sabe, por exemplo, se (e quais) as implicações do contato, com a natureza, de bactérias com DNA modificado para cumprirem tarefas que não são as suas biologicamente determinadas. Mas algum pesquisador já deve estar, neste momento, debruçado sobre possíveis soluções para esse problema. E com o empurrão financeiro dos investidores, não há dúvidas que esse setor ainda deve crescer — e inovar muito — nos próximos anos. 

Leia também

Novos jeitos de ensinar impulsionam edtechs 

O futuro promissor da indústria global de Cannabis 

O cada vez mais bilionário mundo dos games 


Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.

Quero me cadastrar!

Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.

Quero conhecer os planos

Já sou assinante

User Login!

Perdeu a senha ?
This site is protected by reCAPTCHA and the Google
Privacy Policy and Terms of Service apply.
Você está lendo {{count_online}} de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês

Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.

Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais

Quero conhecer os planos


Ja é assinante? Clique aqui

acompanhe a newsletter

todas as segundas-feiras,
gratuitamente, em seu e-mail

Leia também

Curso Novas regras da Resolução CVM 59

CVM estuda facilitar transferência de recursos para corretora nova

Miguel Angelo

Risco de recessão faz ofertas de ações globais despencarem

Miguel Angelo

acompanhe a newsletter

todas as segundas-feiras, gratuitamente, em seu e-mail

Leia também

Curso Novas regras da Resolução CVM 59

CVM estuda facilitar transferência de recursos para corretora nova

Miguel Angelo

Risco de recessão faz ofertas de ações globais despencarem

Miguel Angelo

Sobrou para a Lei das Estatais

Redação Capital Aberto

CVM acerta ao conciliar sigilo com transparência nas arbitragens

Nelson Eizirik
AnteriorAnterior
PróximoPróximo

mais
conteúdos

Iniciativas dedicadas a combater o segundo maior vilão do aquecimento global ganham força, inclusive no Brasil

Metano entra no radar de investidores e governos

Miguel Angelo 24 de abril de 2022
ESG: Em pesquisa feita pela Harris Pool, 60% dos executivos admitem que suas companhias praticaram greenwashing

ESG de mentira: maioria de executivos admite greenwashing

Carolina Rocha 24 de abril de 2022
Evandro Buccini

O crédito para empresas no contexto de juros em alta

Evandro Buccini 24 de abril de 2022
A intrincada tarefa de regular criptoativos

A intricada tarefa de se regular os criptoativos

Erik Oioli 24 de abril de 2022
Guerra na Ucrânia incentiva investidores a tirar capital da China e direcionar recursos para outros emergentes

Dinheiro estrangeiro busca a democracia e aterrissa no Brasil

Paula Lepinski 24 de abril de 2022
O que muda para as fintechs com as novas regras do Banco Central

O que muda para as fintechs com as novas regras do Banco Central

Pedro Eroles- Lorena Robinson- Marina Caldas- Camila Leiva 20 de abril de 2022
  • Quem somos
  • Acervo Capital Aberto
  • Loja
  • Anuncie
  • Áudios
  • Estúdio
  • Fale conosco
  • 55 11 98719 7488 (assinaturas e financeiro)
  • +55 11 99160 7169 (redação)
  • +55 11 94989 4755 (cursos e inscrições | atendimento via whatsapp)
  • +55 11 99215 9290 (negócios & patrocínios)
Twitter Facebook-f Youtube Instagram Linkedin Rss
Cadastre-se
assine
Minha conta
Menu
  • Temas
    • Bolsas e conjuntura
    • Captações de recursos
    • Gestão de Recursos
    • Fusões e aquisições
    • Companhias abertas
    • Legislação e Regulamentação
    • Governança Corporativa
    • Negócios e Inovação
    • Sustentabilidade
  • Conteúdos
    • Reportagens
    • Explicando
    • Coletâneas
    • Colunas
      • Alexandre Di Miceli
      • Alexandre Fialho
      • Alexandre Póvoa
      • Ana Siqueira
      • Carlos Augusto Junqueira de Siqueira
      • Daniel Izzo
      • Eliseu Martins
      • Evandro Buccini
      • Henrique Luz
      • Nelson Eizirik
      • Pablo Renteria
      • Peter Jancso
      • Raphael Martins
      • Walter Pellecchia
    • Artigos
    • Ensaios
    • Newsletter
  • Encontros
    • Conexão Capital
    • Grupos de Discussão
  • Patrocinados
    • Blanchet Advogados
    • Brunswick
    • CDP
    • Machado Meyer
  • Cursos
    • Programe-se!
    • Cursos de atualização
      • Gravações disponíveis
      • Por tema
        • Captação de recursos
        • Funcionamento das cias abertas
        • Fusões e aquisições
        • Gestão de recursos
        • Relações societárias
    • Cursos in company
    • Videoaulas
    • Webinars
  • Trilhas de conhecimento
    • Fusões e aquisições
    • Funcionamento de companhia aberta
  • Loja
  • Fale Conosco

Siga-nos

Twitter Facebook-f Youtube Instagram Linkedin Rss

APROVEITE!

Adquira a Assinatura Superior por apenas R$ 0,90 no primeiro mês e tenha acesso ilimitado aos conteúdos no portal e no App.

Use o cupom 90centavos no carrinho.

A partir do 2º mês a parcela será de R$ 48,00.
Você pode cancelar a sua assinatura a qualquer momento.

quero assinar