A Organização Internacional do Trabalho (OIT), braço da Organização das Nações Unidas (ONU), estima que no mundo existem cerca de 40 milhões de pessoas submetidas a regimes de escravidão moderna. Ainda que antiga (e inaceitável), a questão tem conquistado espaço na agenda global com a influência da onda ESG (fatores ambientais, sociais e de governança) sobre as políticas de mitigação de riscos de empresas. Enquanto nações desenvolvidas como Canadá, Austrália, Reino Unido e Estados Unidos avançam no ambiente regulatório, gestores e investidores continuam a se deparar com relatórios insuficientes sobre o tema, tendo que buscar outras vias para mobilizar o mercado.
Na última semana, alguns dos mais importantes investidores britânicos jogaram luz sobre a questão. Um grupo de 56 investidores, com 7 trilhões de libras em ativos sob gestão, está exigindo que empresas do setor de construção listadas no Reino Unido verifiquem a existência de casos de trabalho análogo a escravidão em suas cadeias de fornecimento. De acordo com o KnowTheChain, grupo que classifica empresas de acordo com as condições de trabalho identificadas na cadeia de fornecedores, a construção é o segundo setor de maior risco nesse aspecto, ficando atrás apenas do setor de hotelaria.
A iniciativa, que conta com nomes de peso como Aberdeen Standard Investments, Schroders e Fidelity International, vem na sequência da campanha “Find It, Fix It, Prevent It”, lançada em 2019. Inicialmente, a campanha se restringia à indústria hoteleira, visando empresas como IHG, Carnival, Compass Group, Whitbread e JD Wetherspoon. O grupo de investidores cita o InterContinental Hotels Group (IHC) como um case de sucesso — durante a campanha, a empresa não só identificou situações de trabalho forçado em suas filiais de Omã, como criou um plano para gerenciar e combater essa violação de direitos humanos.
Covid-19, compromisso e avanço regulatório
O último ano foi particularmente delicado no que tange à escravidão moderna. Ao passo que a crise econômica mundial causada pela pandemia empurrou pessoas para situações de vulnerabilidade, as medidas de restrição à circulação dificultaram a tarefa de monitoramento das cadeias de fornecedores.
Neste mês, a Workforce Disclosure Initiative, grupo apoiado por investidores com 7,5 trilhões de dólares em ativos, verificou que 94% de 141 empresas globais se comprometeram a eliminar a escravidão moderna de suas cadeias de abastecimento, mas dez das companhias examinadas nem ao menos conseguiram fornecer uma descrição de suas supply chains.
A questão, entretanto, continua a avançar no ambiente regulatório, principalmente de países desenvolvidos. Em julho de 2020, por exemplo, foi assinado um acordo entre Estados Unidos, México e Canadá que estabelece um compromisso de cooperação na identificação e rastreio de mercadorias produzidas por meio de trabalho forçado e de adoção de leis para erradicar a escravidão moderna nesses países.
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