Nippon e Ternium discutem novas cláusulas para acordo de acionistas da Usiminas
Ilustração: Rodrigo Auada

Ilustração: Rodrigo Auada

Apesar de ter começado há quase três anos, a briga entre Nippon e Ternium, controladores da Usiminas, ainda parece estar longe de um desfecho. Desde 2014 os dois grupos de sócios protagonizam sucessivos episódios de descumprimento do acordo de acionistas — contrato que prevê, por exemplo, consenso para matérias como a eleição do diretor presidente da siderúrgica. Agora, as duas partes travam uma nova batalha, em torno da redação de cláusulas que tratam justamente das situações de conflito.

O assunto voltou à tona no dia 11 de janeiro. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) questionou a Usiminas após a veiculação de uma entrevista concedida por Glauco Sabatini, diretor de relações internacionais da Ternium Brasil, ao jornal Hoje em dia, de Belo Horizonte. Na reportagem, o executivo confirmou que o grupo ítalo-argentino Ternium estaria disposto a aceitar a proposta de alternância de poder feita pela Nippon desde que os sócios japoneses também aceitassem incluir outro ponto no acordo, específico para casos novos de conflito.

A Nippon respondeu ao regulador e esclareceu sua proposta. Os japoneses classificam a falta de consenso na eleição do CEO o ponto mais crítico do relacionamento entre os controladores. Prova disso é o fato de em outubro passado, a partir de uma iniciativa da Nippon, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais ter anulado a eleição de Sérgio Leite (apoiado pela Ternium) para a presidência da Usiminas. Desde então, Romel de Souza, o executivo preferido dos japoneses, reassumiu a posição. Para solucionar o impasse, a Nippon afirma ter apresentado, em dezembro, a ideia de incluir no acordo de acionistas uma cláusula que estabeleça a alternância dos dois grupos na condução dos negócios. Diante da negativa da Ternium em relação à sugestão, a Nippon diz ter feito uma contraproposta: permitiria que Leite fosse o primeiro indicado pelo mecanismo de rodízio.

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Segundo assessores que acompanham o conflito, os ítalo-argentinos argumentam ser nocivo para uma companhia com as características da Usiminas — em dificuldades financeiras e atuante num setor de investimentos de longo prazo — adotar um modelo que impeça a continuidade de uma gestão.

Num jogo de palavras já característico de ambos os lados da contenda, a Ternium também afirma estar disposta a fazer concessões. Promete aceitar a alternância de poder desde que a Nippon concorde com a inclusão de mais uma cláusula de resolução de conflitos. Sem dar detalhes, interlocutores da Ternium explicam que o dispositivo permitiria a uma das partes comprar ações que lhe assegurassem a maioria do bloco de controle e, portanto, a gestão da companhia. O objetivo, dizem, é criar um mecanismo que garanta a resolução de eventuais novos impasses. Assim, uma vez disparada a cláusula, torna-se controlador isolado aquele que fizer a melhor oferta pelas ações do sócio.

A Nippon, por sua vez, tratou de apontar problemas para essa sugestão da Ternium. Para Hironobu Nose, presidente da Nippon Steel do Brasil, o método pode criar assimetrias, como a geração de um prêmio de controle sem teto. Ao ser regulada pela oferta do maior preço, a nova cláusula pode fazer com que o controle da Usiminas venha a ser consolidado sem fundamento econômico, ancorado apenas na voracidade de uma das partes de assumir o comando da companhia.

Os dois lados concordam em um detalhe: a avaliação de que a briga é prejudicial para a Usiminas e precisa ser solucionada o quanto antes. No dia 13, a companhia anunciou que mais da metade dos detentores de bonds de sua emissão haviam autorizado, apenas temporariamente, o não pagamento dos juros dos papéis. Dois dias antes, os acionistas da Musa, de cujo capital a Usiminas detém 70%, haviam discordado de uma redução de capital de R$ 1 bilhão. A transação visava proporcionar liquidez à siderúrgica: ao reduzir o capital, a Usiminas teria recobrado sua participação em dinheiro. Apesar do largo histórico de disputas, há quem aposte na chegada de um consenso ainda antes da assembleia geral ordinária da Usiminas, marcada para abril.


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