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As razões por trás da onda ultraconservadora no mundo
Diante desse cenário, uma pergunta torna-se incontornável: quais os riscos desse modelo para as economias?
, As razões por trás da onda ultraconservadora no mundo, Capital Aberto

Ilustração: Beto Nejme

Mesmo com apenas 23 anos, Jordan Bardella, francês filho de uma imigrante italiana, encabeçou a lista de indicados para as eleições de maio passado para o Parlamento Europeu pelo Reunião Nacional — o partido de extrema direita que tem Marine Le Pen entre seus principais líderes. O grupo já alcançou certa notoriedade, o que ajudou o pouco conhecido Bardella a conquistar uma das 751 cadeiras da mais alta instância legislativa do bloco europeu. O sucesso do jovem compensou em parte a derrota de Le Pen para Emmanuel Macron nas eleições presidenciais de 2017. Também evidenciou que a extrema direita francesa continua viva — e talvez até se fortalecendo. Embora tenha perdido o Palácio do Eliseu, o Reunião Nacional abocanhou 23% dos votos nas mais recentes eleições parlamentares na França — nunca é demais lembrar, berço do brado “liberdade, igualdade, fraternidade”.

A força magnética que atrai os eleitores para a extrema direita tradicional — que flerta com o autoritarismo — ou, numa linha mais branda, o conservadorismo, fica mais visível com as conquistas da Liga Italiana, do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, e do partido britânico pró-Brexit. Também estão inseridos no balaio de gatos batizado de “right-wings” europeu o húngaro Fidesz (partido comandante do Executivo desde 2010), o polonês Lei e Justiça (no poder desde 2015) e o austríaco FPO (à frente do país há dois anos). Extrapolando os limites do continente, a direita ostenta hoje de Donald Trump a Jair Bolsonaro. Embora o fenômeno seja recente em termos históricos, sua ocorrência simultânea em tantos lugares diferentes já leva os acadêmicos a se questionarem sobre os impactos dessa “nova” visão de mundo para as dinâmicas sociais — incluída aí a economia. Uma pergunta torna-se incontornável diante dessa inclinação dos cidadãos: seriam os governos conservadores ou autoritários melhores que as democracias progressistas quando se trata do desenvolvimento econômico de uma nação?

Não existem estudos definitivos capazes de responder a essa indagação — afinal, ela envolve complexidades inerentes aos sistemas sociais, particularidades culturais e circunstâncias específicas. Mas já há algumas pistas, e elas sugerem que a resposta é não. De modo geral, sociedades com democracias plenas — caracterizadas não apenas por instituições robustas em funcionamento, mas também por garantia de liberdades civis e direitos fundamentais — têm se saído melhor que as que escolheram os caminhos pouco democráticos muitas vezes aventados pela atual extrema direita.

Sob a coordenação do professor de economia aplicada do Massachusetts Institute of Technology (MIT) Daron Acemoglu, pesquisadores das universidades Columbia, de Boston e de Chicago avaliaram os comportamentos de 184 países de 1960 a 2010. No período, 122 nações passaram por democratizações e 71 abandonaram o sistema. Eles observaram que nos países estudados que migraram para regimes democráticos a renda per capita cresceu 25% mais nos 25 anos seguintes do que nas demais nações.

Os autores do estudo estimam que a variável “regime democrático” tenha contribuído com 6% do avanço do PIB mundial apresentado no período. “Entre os componentes da democracia que mais parecem importar para o crescimento econômico, segundo sugere nosso estudo, destacam-se as liberdades civis. Também têm relevância a inclinação dos regimes democráticos para fazer reformas econômicas, incentivar investimentos privados e reduzir conflitos sociais”, escreveu o professor Acemoglu em artigo sobre o trabalho divulgado no site do Fórum Econômico Mundial. Segundo o estudo, os regimes democráticos também são mais propensos a adotar medidas que impulsionam o crescimento econômico de longo prazo, como investimento em educação e saúde e facilitação de negócios — assim, é natural que esse regime garanta benefícios à economia. “Embora não seja possível, com os dados do estudo, estabelecer de maneira conclusiva que esses são os mais importantes mecanismos pelos quais a democracia melhora o PIB per capita, pode-se dizer que os resultados que obtivemos sugerem que eles são os primeiros candidatos a funcionar como os canais pelos quais a democracia pode gerar crescimento”, diz um trecho do trabalho de 2014, publicado neste ano na revista científica Journal of Political Economy.

Na mesma linha, em 2008, Elias Papaioannou, professor de economia da London Business School, notou que os efeitos positivos da democracia sobre a economia são mais significativos a longo prazo — de acordo com o acadêmico, mesmo reformas parciais são capazes de gerar bons resultados. Ele observa a existência de um círculo virtuoso: a democracia tende a fortalecer a economia; uma economia forte reforça a crença da sociedade nas instituições democráticas. “Frequentemente governos autoritários como o da China são usados para demonstrar que esse modelo é bom para a economia, mas trata-se de uma exceção”, diz o professor. Cabe destacar que existem autoritarismos de direita e de esquerda, mas hoje os primeiros parecem ter mais apelo popular.

A realidade se encarrega de dar um aperitivo dos potenciais estragos de uma visão de extrema direita para a economia — e não qualquer economia, mas a mais avançada do sistema capitalista. Já no terceiro ano de mandato, Trump continua insistindo na construção de um muro na fronteira com o México. No fim de 2018, a proposta do governo de destinar 5,7 bilhões de dólares para o cumprimento dessa promessa de campanha gerou disputas no Congresso, instância responsável pela aprovação do orçamento. Instalou-se, em vez do muro, a paralisia do governo, conhecida como “shutdown”: durante 35 dias o Estado deixou de operar plenamente, o que representou uma perda de 3 bilhões de dólares para o PIB do país, conforme estimativa da entidade suprapartidária Congressional Budget Office. Exemplo bem acabado dos riscos de uma teimosia ultraconservadora.


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Jovens e outsiders

A “direitização” da Europa — considerada aqui como um continente, não como um bloco econômico — hoje está em seu ponto mais agudo desde o período entreguerras, mas tem características próprias de seu tempo. Os eleitores que tendem ao conservadorismo parecem se encantar principalmente com juventude (o exemplo de Bardella é emblemático) e origem fora do mundo político. O caso da Ucrânia é emblemático nesse aspecto.

Em abril, venceu as eleições presidenciais, com 73% dos votos, o comediante Volodymyr Zelenskiy. Ele nunca ocupou cargo público; ganhou fama interpretando um presidente fictício em uma série da TV local. Na campanha, apelou a um discurso anticorrupção e de reprovação da classe política do país (seu adversário no segundo turno foi o postulante à reeleição Petro Poroshenko). A mensagem foi fundamental para a vitória do outsider, assim como o meio adotado para propagá-la. Zelenskiy fez uma aposta firme na força das redes sociais para a disseminação de conteúdo — não importava se raso, distorcido ou falso. O expediente foi igualmente útil para Trump e Bolsonaro, que disputavam o voto de eleitores cuja realidade nada teria a ver com a ucraniana, a não ser por um detalhe importante: seja na Ucrânia, no Brasil ou nos Estados Unidos, as sociedades enfrentam crise econômica ou fluxo imigratório descontrolado, problemas complexos para os quais essa nova direita apresenta soluções simples — e via Twitter ou Facebook.

O papel das graves crises econômicas, em particular, é sempre alvo de estudos. Uma pesquisa do Pew Research Center, feita a partir de levantamentos conduzidos no segundo semestre de 2018 em 27 países (incluindo o Brasil), mostra que a insatisfação com a democracia está fortemente relacionada a visões pessimistas sobre o estado da economia. No caso brasileiro, apenas 9% dos respondentes disseram acreditar que a situação econômica estava boa, ao mesmo tempo em que 83% se consideram insatisfeitos com a forma como a democracia vem funcionando no País. Dito de outra forma: quando a economia vai mal e o emprego e a desigualdade aumentam, a população passa a desacreditar na democracia, buscando alternativas, geralmente extremistas.

Durante as grandes crises econômicas é possível perceber, mesmo sem rigor científico, que as pessoas ficam mais abertas aos discursos populistas — se de direita ou de esquerda, depende da circunstância. Neste início de século, as tendências de direita, a grosso modo, vêm na sequência de experiências mal sucedidas da esquerda, numa espécie de efeito rebote. Esse contexto abre espaço para a viralização de frases de efeito de conteúdo evasivo — do “tem que acabar com tudo isso daí” de Bolsonaro ao “tornar a América grande novamente” de Trump — e para a identificação de inimigos causadores de todos os males (os “vermelhos do PT” para o capitão reformado e os “imigrantes” para o magnata). Vale observar que os nazistas adotaram a mesma linha de discurso para cooptar uma população massacrada pela hiperinflação da época da República de Weimar, nos anos 1920 — prometeram o paraíso se fossem exterminados os inimigos (judeus e minorias).

Herdeiros das rupturas

Pesquisadores alemães publicaram em 2015 uma análise de 827 eleições parlamentares realizadas entre 1870 e 2014 em 20 democracias. De acordo com eles, os partidos de extrema direita são os que mais se beneficiam nos períodos subsequentes a rupturas econômicas. Depois de uma crise grave, a proporção de votos para partidos com o viés conservador ao extremo cresce em média cerca de 30%; em contrapartida, nessas mesmas situações a extrema esquerda costuma manter sua fatia do eleitorado. O trabalho mostrou ainda que, nesse recorte, os governos geralmente perdem maioria legislativa e mais grupos antiestablishment ganham espaço nos parlamentos. “Quando grupos sociais temem declínio e perda de riqueza, eles se voltam para partidos mais à direita, que prometem ordem e estabilidade”, escreveram os autores do estudo Manuel Funke, Moritz Schularik e Christoph Trebesch em artigo publicado no ano passado pela revista americana Foreign Affairs. Os partidos de extrema direita dos países analisados, entretanto, não demoraram a perder força: o levantamento identificou esse enfraquecimento cerca de cinco anos após a ascensão. É possível, contudo, que a história não se repita. Os representantes da nova onda direitista podem escapar desse destino, ressalvam os pesquisadores, principalmente por terem revisto algumas estratégias equivocadas de seus antecessores.

Na prática, o aumento de desigualdades sociais e do desemprego é o motor da aceitação das promessas dos representantes de direita — movimento relevante principalmente em áreas menos urbanizadas e em zonas periféricas das metrópoles, onde as chances de recolocação ou de substituição de renda perdida são mais remotas. O impulso ao Brexit vindo do interior (em Londres, vale lembrar, a saída do Reino Unido da União Europeia foi rejeitada no plebiscito de 2016) e o forte apoio a Trump naquela “América profunda” que nada tem a ver com o cosmopolitismo de Nova York são bons exemplos recentes dessa dinâmica.

A identificação dos imigrantes como inimigos, cara tanto aos eurocéticos britânicos quanto a Trump, coloca mais lenha nessa fogueira. “O aumento da desigualdade entre as áreas do interior e os centros urbanos desenvolvidos reforça os votos em lideranças populistas ou ultraconservadoras. Parcela significativa da vitória desse tipo de discurso vem de fora das bolhas urbanas”, observa Papaioannou, da London Business School. O professor de ciência política Kyung Joon Han, da Universidade do Tennessee, nos Estados Unidos, testou várias hipóteses para verificar como a desigualdade influencia o apoio dos eleitores à extrema direita na Europa. Concluiu que esse fator encoraja os mais pobres a votar nos conservadores, ao mesmo tempo em que afasta os mais ricos desse tipo de apelo.


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Mesmo na prosperidade

Apesar do impulso vindo de crises econômicas, o ultraconservadorismo consegue florescer mesmo em sociedades cuja economia vai bem. Isso porque o repúdio à imigração em si às vezes supera a motivação resumida na frase “o estrangeiro está tomando meu emprego”. No livro The Wealth Paradox: Economic Prosperity and Hardening of Attitudes, os professores Frank Mols e Jolanda Jetten, especialistas em psicologia política da Universidade de Queensland, na Austrália, mostram que aqueles interessados em restringir a imigração nem sempre são os mais vulneráveis economicamente. Nos setores mais ricos das sociedades, preconceito e hostilidade dão impulso aos partidos populistas anti-imigração mesmo em tempos de prosperidade econômica. “Os votos em partidos populistas e radicais vêm dos polos mais ricos e mais pobres da população, havendo um forte componente sociocultural para isso”, observa Mols.

Em um experimento conduzido pelos pesquisadores, pessoas foram expostas a diferentes avaliações sobre o futuro da economia nacional e, em seguida, deveriam avaliar um discurso anti-imigração. Eles notaram, pela combinação das respostas, que sentimentos contrários à imigração foram mais frequentes quando não havia problemas econômicos relevantes (ou seja, sem crise). Em uma segunda etapa, os professores analisaram o discurso de líderes populistas de extrema direita que ascenderam em tempos de bonança econômica. Perceberam que, em geral, eles incentivam os sentimentos de injustiça e o comportamento vitimista; apresentam o cidadão comum como alvo de uma aliança entre grupos poderosos e minorias, incluindo refugiados e imigrantes.

O caso da Polônia comprova as conclusões dos estudiosos australianos. Pioneiro na mais recente onda ultraconservadora na Europa, o país não foi fortemente atingido pela crise global de 2008 — a economia tem crescido de forma consistente nas duas últimas décadas. Ainda assim, o partido Lei e Justiça, que chegou ao poder pela primeira vez em 2005, ganhou força e foi lapidando seu viés de extrema direita. A partir de 2015, passou a adotar medidas de caráter autoritário, como o encurtamento do mandato dos juízes escolhidos pelo ex-presidente da Polônia para o tribunal constitucional, para que o novo governo pudesse eleger novos julgadores. O partido também tentou aprovar uma lei que limitava discussões públicas sobre o Holocausto — a motivação seria a ideia de uma responsabilização equivocada da Polônia pelo campo de concentração de Auschwitz, instalado pelos nazistas alemães em território ocupado hoje pelo país. Na Hungria, o primeiro-ministro Viktor Orban e seu partido Fidesz mandaram erguer, em 2014, no centro da capital Budapeste, um monumento com a intenção oficial de homenagear as vítimas dos nazistas. Os críticos, entretanto, alegam que a intenção verdadeira foi encobrir a participação da própria Hungria no genocídio judeu — o episódio seria, portanto, uma amostra da tão em voga nova narrativa conhecida como pós-verdade.

Pautas sob medida

Essa “adaptação” da realidade a narrativas que interessam aos atuais líderes populistas de direita é capaz, mostram os acadêmicos, de influenciar decisões mais amplas dos cidadãos, como seu julgamento sobre políticas econômicas. Com base em pesquisas e experimentos feitos com cerca de 22,5 mil pessoas de seis países (França, Alemanha, Itália, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos), professores do departamento de Economia da Universidade Harvard buscaram investigar como nativos percebem imigrantes e de que maneira seu julgamento influencia suas preferências quanto à distribuição de riquezas. Os resultados, compilados em trabalho publicado em outubro de 2018, mostram que em todos os países da amostra os nativos superestimam a quantidade total de imigrantes — nos Estados Unidos, por exemplo, enquanto esse número gira em torno de 10% da população, a percepção média dos respondentes foi de uma participação de 36%. Além disso, as pessoas em geral acreditam que os imigrantes são cultural e religiosamente mais distantes (isto é, superestimam a presença de estrangeiros muçulmanos oriundos da África e do Oriente Médio), menos educados, mais desempregados, mais pobres e dependentes de subsídios do governo do que são na realidade. Os pesquisadores identificaram concepções equivocadas em diferentes grupos sociais, gêneros e idades, mas notaram que os que exibem noções mais distorcidas não têm ensino superior e se dizem de extrema direita.

Mas não são só os imigrantes os alvos dos ultraconservadores do século 21. “O enfoque numa agenda cultural, numa pauta de costumes, de grande aderência dos cidadãos, é também uma estratégia para se desviar a atenção de temas sociais e econômicos que realmente importam”, interpreta Hans Georg Betz, professor de ciência política da Universidade de Zurique, na Suíça, ele próprio um estudioso da direita nas democracias.

A tática dos ultraconservadores por vezes agrega ainda traços econômicos do liberalismo. Segundo o professor, é esse o caso do partido de direita radical espanhol Vox, fundado em 2013. No ano passado, a sigla venceu importante eleição regional na Andaluzia e, em 2019, conquistou 10% dos votos nas eleições nacionais, o que lhe assegurou 24 cadeiras de um total de 350 deputados — desde o fim da ditadura do general Francisco Franco, em 1975, é a primeira vez que um partido de extrema direita elege mais de um deputado para o Congresso espanhol. Sob a liderança de Santiago Abascal, o Vox tem um programa de governo dividido em 100 pontos, com várias semelhanças com o de Trump — inclui até a construção de um muro para barrar a entrada de imigrantes do norte da África.

Assim como o presidente americano, o Vox defende redução de tributos — sugere a criação de um imposto de renda único de 21% para ganhos anuais a partir de 12 mil euros. No front nacionalista, o partido ganha adeptos vociferando contra o movimento independentista da Catalunha e as reivindicações dos movimentos feministas, com destaque para o direito ao aborto. Entretanto, não defende a saída da Espanha da União Europeia (diferentemente do italiano Liga) e tenta se afastar da imagem fascista e autoritária que já colou no húngaro Fidesz e no polonês Lei e Justiça. Bem aos moldes do “conservador nos costumes, liberal na economia”, o Vox quer se mostrar comprometido com a democracia. Qualquer semelhança com o governo brasileiro não é mera coincidência.


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