Governo coloca green bonds na pauta do agronegócio
Expectativa é de que plano de incentivo a títulos verdes direcione muitos bilhões de dólares para o setor
Green bonds no agronegócio é tema de entrevista de José Angelo Mazzillo Júnior

José Angelo Mazzillo Júnior | Imagem: divulgação

Pelo menos uma centena de bilhões de dólares. Essa é a magnitude dos investimentos em títulos verdes, mais conhecidos como green bonds, que o governo federal pretende atrair com a adoção do Plano de Investimento no Agronegócio Sustentável no Brasil. O programa é resultado de uma parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com a Climate Bonds Initiative (CBI), certificadora global de green bonds. O diálogo da pasta com os participantes do mercado começou no último mês de junho, e a previsão é de que as primeiras emissões saiam em 2021.

O potencial bilionário das operações foi estimado pelo governo com base no capital de giro necessário para movimentar as monumentais atividades agropecuárias brasileiras. Atualmente, o valor anual se aproxima dos 100 bilhões de dólares, considerando apenas a produção. O montante pode crescer ainda mais se consideradas as atividades “antes e depois da porteira” — insumos, logística, industrialização e comercialização dos produtos.

O potencial de investimento em green bonds também aumenta com o incremento das atividades do setor — que, por sinal, manteve-se firme mesmo durante a pandemia do novo coronavírus. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção brasileira de grãos deve atingir a marca de 250,5 milhões de toneladas neste ano, uma nova safra recorde. “Observa-se uma tendência de alta que deve perdurar ainda por muito tempo no setor”, afirma o secretário-adjunto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Angelo Mazzillo Júnior.

Em conversa com a CAPITAL ABERTO, o secretário traçou um panorama do investimento em green bonds voltados para o agronegócio no Brasil e detalhou os planos para estimular a emissão de títulos verdes atrelados à área.

Demanda pós-covid-19

“Os produtores vão ser cada vez mais pressionados a oferecer novas garantias de segurança após a pandemia do novo coronavírus, principalmente considerando que muitas epidemias e pandemias são originadas na criação e no consumo de animais. Essas exigências certamente vão atingir o Brasil, cujos produtos agropecuários alimentam 1,2 bilhão de pessoas ao redor do mundo.”

Green bonds

“Essa uma circunstância extremamente favorável à emissão de green bonds, títulos de ativos certificados justamente por terem altos padrões de cuidado ambiental, social e de governança [ESG, na sigla em inglês]. A conclusão é que, cedo ou tarde, os produtores do País terão de se adaptar a novos padrões de sustentabilidade para garantir o interesse do comprador e do investidor.”

Benefícios

“Obter a certificação para o green bond é um gasto a mais para o produtor, mas as vantagens compensam. Em primeiro lugar, o processo de adequação às regras de governança por si só já torna o negócio mais eficiente. Já a segunda, e principal, vantagem é o acesso a mercados com melhores condições de crédito e juros mais baixos. Hoje, quem está preparado do ponto de vista de sustentabilidade tem acesso a condições que não estão disponíveis no mercado tradicional. No futuro, a sustentabilidade será a regra: quem não se adequar não terá acesso a crédito.”

Universalização

“O mercado de títulos verdes é incipiente no Brasil, ainda mais no setor de agronegócio. Logo, o papel do governo é incentivar a demanda. Primeiro, será feito um levantamento com os investidores para entendermos quais condições eles procuram. Na sequência, essas expectativas serão adequadas às certificadoras e aos produtores, fechando o círculo do investimento em títulos verdes. Feitas as pontes entre os atores do mercado neste ano, em 2021 passaremos a fomentar a contratação de operações. O objetivo é começar com algumas dezenas de grandes contratações em setores-chave para, em um segundo momento, chegar à universalização do uso de green bonds no agronegócio, abarcando até mesmo os pequenos proprietários da agricultura familiar.”

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