A todo vapor
Fernando Marques Oliveira
Fernando Marques Oliveira

Fernando Marques Oliveira

Com 16 empresas brasileiras no portfólio, a gestora americana H.I.G. Capital passou o período do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff prospectando novos negócios — as últimas compras foram anunciadas entre março e abril. Mas a movimentação de potenciais investidas e investidores se intensificou desde o desfecho da questão, há uma semana. “Continuamos muito ativos, analisando dezenas de negócios”, diz Fernando Marques Oliveira, diretor executivo da gestora no Brasil. Com um fundo de cerca de US$ 700 bilhões disponíveis para investimentos, Oliveira tem preocupações menos relacionadas com câmbio e outras variáveis macroeconômicas — o foco está mais voltado a boas oportunidades pontuais. “Temos quatro escritórios no País e vemos chances interessantes para investir em empresas pequenas e médias em todas as regiões.” A seguir, os principais trechos de entrevista concedida por Oliveira à SELETAS:

Impeachment

“Havia um clima de expectativa com relação ao impeachment de Dilma Rousseff, mas se sabia que mais cedo ou mais tarde a questão seria resolvida. O desfecho, obviamente, traz um sentimento de estabilidade para o País e dá a sensação de que é finalmente possível voltar aos negócios, que ficaram especialmente parados nos últimos 30 a 60 dias. Isso não quer dizer, de maneira nenhuma, que os problemas do Brasil estejam resolvidos. Mas devemos voltar a ver uma atividade mais intensa. Nós, especificamente, não paramos durante esse processo inteiro, e já percebemos uma movimentação mais intensa nos últimos dias. Nossos últimos investimentos foram anunciados entre março e abril. Continuamos muito ativos, analisando dezenas de negócios. Desde que começamos a investir no Brasil, há quatro anos, fechamos 16 transações. Nosso histórico mostra que fizemos mais negócios a cada ano que passou.”

Fundos de pensão

“Não temos, nem nunca tivemos, fundos de pensão como investidores das nossas carteiras. Sem entrar no mérito político, a forma como as fundações brasileiras historicamente agem como cotistas de fundos de private equity é mais uma das nossas jabuticabas. Não se vê coisa parecida em lugar nenhum do mundo. Aqui, elas não são cotistas passivas dos fundos. Participam dos comitês de investimento, emitem vetos em operações e tudo mais. Tanto é que fundos de private equity que tinham a capacidade de levantar recursos com outros tipos de cotistas, locais ou estrangeiros, acabavam dispensando os fundos de pensão, porque tê-los como clientes engessava a sua atuação. No resto do mundo, um fundo de pensão é um cotista independente, como nós quando somos cotistas de fundos de investimento de um banco. As fundações lá fora não ficam administrando o fundo com o gestor. Mas os fundos de pensão locais costumavam exigir esse nível de ingerência, o que me parece um modelo meio torto.”

Câmbio

“Captamos neste ano um fundo dedicado à América Latina e, principalmente, ao Brasil. São pouco mais de US$ 700 milhões. Nossas últimas quatro aquisições já saíram dele. O câmbio permanece oscilante, é verdade, mas nosso estilo de investir minimiza esse efeito sobre os retornos. Em resumo, não nos baseamos no momento cambial para tomar decisões de compra. A melhor proteção contra o impacto da moeda é encontrar investimentos com um potencial tão grande de ganho que seja capaz de compensar qualquer perda eventual por causa disso. Esse posicionamento nos levará a perder com o câmbio algumas vezes, mas vamos ganhar também. Bons exemplos foram as compras que fizemos no início deste ano — que, por acaso, já nos garantiram um rendimento cambial. Por isso, procuramos empresas pequenas e médias que tenham características únicas e que efetivamente possamos ajudar a mudar de patamar. Ficamos atentos à macroeconomia, mas não mudamos nosso nível de atividade em função dela.”

Porta de saída

“No momento, as vias de saída dos investimentos em private equity estão mais escassas, mas, pelo menos nos próximos 12 meses, não pensamos em vender nossas participações em companhias brasileiras. Das 16 empresas do nosso portfólio, o investimento mais antigo ainda vai completar quatro anos. Nosso horizonte temporal para nos desfazer de uma compra é de, pelo menos, cinco anos. Gerar valor como almejamos demanda tempo. O mercado de IPOs está parado, mas não acho que essa seja a saída para os nossos investimentos, nem quando a bolsa estiver mais ativa, por causa do perfil das empresas que compramos, que fazem parte do middle market.”

Influência na gestão

“Mesmo quando somos acionistas minoritários em uma empresa, não somos minoritários pequenos. Procuramos ser sempre bastante influentes nas decisões. Vejo que os empresários brasileiros hoje são muito mais abertos a esse tipo de posicionamento. Há 20 anos, o processo de convencimento dos empreendedores precisava ser muito maior.”


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