No mundo empresarial, como definir um presidente de companhia bem-sucedido? Alguns dirão que é o gestor experiente, com grande conhecimento sobre o negócio; outros citarão o “CEO celebridade”, comunicador carismático, confiante e presente na mídia. Mas a resposta definitiva repousa com o beneficiário final das ações desses líderes: o acionista. Para ele, a referência suprema é a taxa de retorno que recebe no longo prazo, em comparação com empresas do mesmo setor e o mercado como um todo. A partir dessa definição simples e objetiva de sucesso, o autor de The Outsiders, Will Thorndyke, investiga oito CEOs que levaram suas empresas a exceder o retorno acumulado do índice S&P 500 em 20 vezes.
Além dos retornos excelentes, o retrato comum que emerge desses “estranhos no ninho” é formado por traços de frugalidade, pé no chão, determinação e aversão aos holofotes — muito diferente do que a sociedade rotula como sucesso. Todos ocupavam a cadeira de CEO pela primeira vez e detinham posições acionárias elevadas em suas companhias, o que os levou a agir como donos e a alinhar interesses, mitigando o que a literatura chama de conflitos de agência. Hoje, convém lembrar, não é rara a figura do “CEO de carreira”, que passa por várias empresas, mas dificilmente gera retornos brilhantes para os acionistas.
A principal tese do livro é a de que retornos superiores de longo prazo se devem a decisões acertadas na alocação de capital. Ao reduzir a gestão do negócio a essa seara, Thorndyke, implicitamente, dá como certa a excelência nos aspectos operacional e de recursos humanos — pré-requisitos para o sucesso que, no entanto, são comentados apenas superficialmente no livro. O autor lista cinco alternativas de alocação de capital: expandir as operações, comprar uma empresa, pagar dividendos, quitar dívida ou recomprar ações. Para fazê-lo, o CEO tem à disposição três fontes de capital: geração interna de caixa, captação de dívida ou emissão de ações.
A obra descreve, então, as principais decisões de alocação de capital durante a trajetória dos oito gestores em suas respectivas companhias. As conclusões são bastante representativas, pois a amostra conjuga empresas com grande oportunidade de crescimento (TV a cabo nos Estados Unidos na década de 1970) e empresas em processo de drástico encolhimento (setor de defesa após o fim da guerra fria).
Outra questão que emerge da leitura é o comportamento de investidor dos CEOs. Além da enorme disciplina na alocação de capital, fundamental para a satisfação do acionista, esses líderes priorizavam alta das ações em vez de crescimento de receitas ou lucros, e fluxo de caixa em vez de lucro contábil.
Deve-se registrar o estilo exagerado da prosa, que despertará o ceticismo do leitor mais técnico. Thorndyke faz a escolha consciente de não se aprofundar no lado analítico e apresenta poucos dados sobre os resultados financeiros das empresas, para a frustração dos que respeitam a elegância simples dos números.
Em qualquer posição que se ocupe numa empresa, há a pressão do imperativo institucional, uma força que Warren Buffett descreve como a dificuldade em fazer algo que seja percebido como fora do normal por seus pares. Mas o CEO, em alinhamento com o conselho de administração, tem autoridade e legitimidade para desafiar o status quo. Pois, como diz a máxima de John Templeton: “É impossível entregar retornos acima da média do mercado, a não ser que você faça algo diferente”.
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