Com significado
O contexto está maduro para o surgimento de um novo paradigma de gestão capitalista

prateleiraO capitalismo é o sistema produtivo que trouxe à sociedade mundial os maiores avanços em desenvolvimento humano na história. Existe ampla evidência, em indicadores como renda per capita e taxas de mortalidade e longevidade, entre outros, para sustentar a tese de que, nos últimos 200 anos, o arranjo econômico baseado em trocas voluntárias conduziu a humanidade à criação de riquezas e a melhorias na qualidade de vida em padrões sem precedentes. Mas, apesar de sua inegável contribuição como ordem produtiva, o capitalismo é extremamente incompreendido e, de modo recorrente, tido como culpado pelos problemas do mundo.

O embate entre capitalismo e socialismo dominou boa parte do século 20. Todos sabemos como a história termina: a queda do Muro de Berlim, a simbolizar o início do fim da experiência socialista no Leste Europeu e na União Soviética. A despeito do aparente triunfo do modelo capitalista, a elevação da desigualdade, um efeito colateral nocivo desse sistema econômico, causa crescente desconforto e preocupação às sociedades em geral (lembram-se das repercussões do livro de Thomas Piketty?).

Esse é o contexto paradoxal em que se desenvolve Capitalismo consciente, de John Mackey e Raj Sisodia. Como pode um modelo econômico que contribuiu tanto para o bem-estar da sociedade ser tão odiado? Na visão dos autores, a solução se encontra nas células do organismo capitalista, isto é, nas empresas. A máxima de Milton Friedman, segundo a qual “o objetivo social das empresas é o lucro”, parece insuficiente para um momento em que a humanidade se conscientiza do mal da desigualdade e das consequências das ações empresariais sobre o meio ambiente. Enfim, o contexto está maduro para o surgimento de um novo paradigma de gestão capitalista: um modelo de decisões que vá além dos desejos dos acionistas, levando em conta a necessidade dos demais stakeholders (clientes, fornecedores, colaboradores e comunidade).

Os autores descrevem quatro princípios fundamentais para levar consciência à gestão privada, organizando o livro ao redor deles. Em primeiro lugar, as companhias devem buscar compreender seu papel na sociedade e estabelecer um senso de propósito e significado, pela resposta à pergunta: “Qual é o problema da sociedade que resolvemos?”.
A seguir, é importante buscar integrar o objetivo dos demais stakeholders na tomada de decisões empresariais.
O terceiro elemento é uma liderança engajada, que pratica o que fala, promovendo princípios de ética, confiança e empreendedorismo. Por fim, essa autoridade deve pavimentar o caminho para uma cultura corporativa que professe seus valores em todos os cantos da organização.

No epílogo, a obra retorna à tese da quebra de paradigma e indica caminhos para a implementação da nova filosofia proposta. Neste momento da leitura, é provável que o gestor de negócio sinta algum desconforto, pois terá que lidar com “trade-offs”, isto é, com escolhas entre opções conflitantes. No dia a dia, é comum tomar atitudes que beneficiam um grupo de stakeholders em detrimento de outro. Em outras palavras, embora a teoria seja bem estruturada e convincente, sua implementação está longe de ser trivial. A obra consiste em ótimo alimento para o cérebro, mas não chega a saciar completamente o apetite intelectual pelo assunto.

Capitalismo consciente: como libertar o espírito heroico dos negócios – John Mackey e Raj Sisodia – Editora: HSM – 348 páginas, 1ª edição, 2013


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