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Bonita e problemática
Construída ao longo de três décadas, a sede da Bolsa do Rio na Rua 1º de Março foi usada por apenas vinte anos
, Bonita e problemática, Capital Aberto

Arquivo da Biblioteca Nacional

Hoje, o imponente imóvel em estilo renascentista italiano na Rua 1º de Março, coração do Rio de Janeiro, é conhecido como CCBB, sigla para Centro Cultural Banco do Brasil. Quem adentra o vasto saguão, seja para assistir a exposições de arte e peças teatrais, seja para consultar a magnífica biblioteca, não se dá conta de qual foi seu uso original.

Inaugurado em 8 de novembro de 1906 com a presença do presidente da República, Rodrigues Alves, aquele prédio notável foi edificado para ser sede da Bolsa do Rio de Janeiro, a mais importante do país ao longo dos séculos 19 e 20. O projeto grandioso é do arquiteto Francisco Joaquim Bittencourt da Silva. Pela legislação da época, a Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) era a mantenedora necessária da Bolsa, que, curiosamente, não tinha configuração ou personalidade jurídica. À entidade cabia fornecer as instalações adequadas ao encontro diário dos corretores, num local a que se dava o nome bolsa. A imensa e solene rotunda e a cúpula monumental, logo à entrada do atual CCBB, abrigaram, até 1926, o pregão circular da Bolsa do Rio.

A construção, iniciada nos anos 1870 e bancada pela ACRJ, foi uma saga que perdurou três décadas. A falta de recursos era crônica, e a obra suportou-se à custa de empréstimos tomados ao Banco do Brasil. As dificuldades foram de tal ordem que o folclore do mercado registra um episódio pitoresco. No retorno de D. Pedro II de sua última viagem à Europa, em 1888, a municipalidade do Rio de Janeiro ornamentou artisticamente as ruas em homenagem ao governante. Passando o cortejo pelo edifício, ainda inacabado, o imperador comentou que seria mais útil se os recursos gastos na recepção fossem usados na finalização do prédio da Bolsa.

A ACRJ conseguiu prorrogar os empréstimos ao longo das primeiras décadas do século 20, mas em 1926 viu sua sede ser dada em pagamento ao Banco do Brasil. Os corretores mudaram para um velho pardieiro na Rua 1o de Março e se dissociaram definitivamente da associação que os tinha acolhido desde 1834, havia 92 anos.

Após a entrega ao Banco do Brasil, a pretexto de aumentar a funcionalidade, o desleixo notório da burocracia estatal se encarregou de descaracterizar totalmente a fachada majestosa desenhada por Bittencourt da Silva. Com a transformação em centro cultural, já no fim dos anos 1980, a solenidade interior foi recuperada, e o imóvel aberto ao público passou a desenvolver atividades mais nobres do que as da simples agência bancária que o ocupava.


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