Os shareholders viraram apenas sharetraders?

A forma de atuação dos investidores institucionais, incluindo os tradicionais fundos de pensão e os fundos hedge, vem sendo um dos principais focos de discussão no mercado norte-americano. De acordo com a última edição da revista Directors & Boards, os investidores institucionais apresentam uma visão de investimento com prazo cada vez menor, o que tem impacto nas empresas.

A revista se baseou em números de um estudo do The Conference Board de outubro de 2005 para ilustrar o atual porte dos investidores institucionais. De acordo com o trabalho, esses investidores controlavam cerca de 69% das ações das 1.000 maiores empresas norte-americanas no final de 2004, contra 61% em 2000.

Segundo a revista, o período de posse de ações de um investidor institucional típico, nos Estados Unidos, é de apenas 12 meses, representando um giro médio da carteira de ações de cerca de 100% em um ano. Jim Kristie, editora da revista, avalia que existe pouca diferença atualmente entre as operações realizadas pelos investidores institucionais tradicionais e os novos fundos hedge, o que faz com que as corporações norte-americanas possam ser consideradas como empresas pertencentes a esse tipo de fundo. Em outra matéria sobre o tema, o colunista Gary Sutton afirma que “o trabalho do conselheiro é claro: servir aos acionistas. Entretanto, os conselheiros não trabalham mais para os acionistas (shareholders), já que eles simplesmente não existem mais. O que existe agora são negociadores de ações (sharetraders)”.

De acordo com Sutton, a presença de investidores institucionais com horizonte de curto prazo e tão voláteis quanto investidores pessoa física dificulta a construção de negócios prósperos e robustos, que precisam de decisões com horizontes de tempo mais longos. Uma idéia sugerida pela revista é recompensar os acionistas de longo prazo, por meio de dividendos extras ou impostos menores. Assim, as participações mais relevantes seriam transferidas dos negociadores de ações (sharetraders) para os acionistas reais (shareholders).


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