Em última instância, o movimento da governança corporativa visa fazer que as grandes companhias contribuam para uma sociedade mais transparente, meritocrática e sustentável. Sob esse ponto de vista, apesar do enorme debate sobre o tema, é difícil afirmar que elas se tornaram genuinamente mais bem governadas desde o início da década passada.
O que temos visto pelo mundo indica o contrário: a maior frequência de crises e escândalos empresariais, com ocorrências de fraude, desrespeito às leis e outros prejuízos à comunidade, tem deteriorado a reputação das empresas. Uma pesquisa recente do Instituto Gallup nos Estados Unidos mostrou que o grau de satisfação da população com as grandes companhias atingiu um mínimo histórico de 30% no fim de 2012, contra 50% dez anos antes. No Brasil, também temos tido nossa cota de colapsos empresariais, a que se somam os problemas administrativos enfrentados pelas estatais e os diversos escândalos de suspeita de propina ao poder público.
Para analisar o que deve ser feito, é necessário compreender que o movimento da governança corporativa é um produto direto de mudanças substanciais ocorridas nos ambientes macroeconômico, acadêmico, financeiro e corporativo desde o fim da década de 1970. A figura abaixo descreve algumas das principais palavras de ordem que caracterizaram essas esferas nas últimas décadas.
Dentro desse panorama, a governança passou a ser vista como uma forma de alinhar interesses entre administradores, controladores e minoritários, a fim de maximizar o retorno financeiro das empresas para os acionistas. O problema é que esse objetivo tem gerado diversos efeitos colaterais negativos para a sociedade: mercado mais volátil, imprevisível e de maior risco sistêmico; companhias amorais, predatórias e muitas vezes sem compromissos de longo prazo perante funcionários e demais stakeholders; executivos mais concentrados em gerenciar as expectativas de mercado do que em se dedicar ao sucesso duradouro do negócio; e ambiente empresarial causador de estresse, ansiedade, agressividade e competição em todos os participantes.
Considerando que a governança tem rendido palavras de ordem nos últimos 30 anos, ficam no ar algumas perguntas incômodas: da forma como é abordada, ela tem sido parte da solução ou do problema? O que deve ser feito para melhorar esse cenário? Que novas práticas e modelos devem ser fomentados? É hora de repensar a governança corporativa.
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