A International Corporate Governance Network (ICGN), associação internacional de investidores institucionais com ativos da ordem de US$ 10 trilhões sob gestão, realizou sua 11ª conferência anual no início de julho em Washington. Entre as apresentações, foi destaque o discurso de Ira Millstein, diretor do centro de estudos de governança corporativa da universidade de Yale. Durante sua palestra, intitulada “Conselhos — governando além das atribuições legais”, Millstein afirmou que a persistente ocorrência de problemas de governança nos mais diferentes países é uma evidência de que os acionistas de todos os sistemas continuam não escolhendo bem seus conselheiros.

De acordo com Millstein, muitos gestores de fundos renunciam ao duro trabalho de utilizar seu próprio julgamento na avaliação de temas específicos e na escolha de conselheiros, lançando mão de empresas de aconselhamento nas recomendações de voto (proxy advisors). Na sua opinião, esta atitude não os exime da culpa por eventuais problemas e não atende ao seu verdadeiro dever fiduciário, que é representar bem seus beneficiários. Millstein afirmou ainda que os conselheiros têm um amplo espaço para livre arbítrio além das suas atribuições legais que não está sendo bem utilizado. Cabe aos investidores institucionais, portanto, mudar esta situação, selecionando melhores conselheiros e estabelecendo uma comunicação mais transparente com eles.

Por fim, Millstein deu cinco dicas aos investidores para uma boa seleção: i) procure conhecimento ao invés de nomes “de marca”; ii) preste mais atenção nas questões de caráter e de atitude independente, do que na independência formal do conselheiro; iii) elimine aqueles com agendas comerciais ou sociais; iv) encontre pessoas que têm uma paixão pelo mundo dos negócios; e v) evite aqueles que colecionam conselhos como troféus.