O primeiro Guia para Abertura de Capital da CAPITAL ABERTO veio a público em abril de 2007, ano que ficou gravado na história do mercado de capitais brasileiro. Foram 76 ofertas de ações, sendo 64 delas iniciais (IPOs), uma marca nunca antes alcançada no País e, como vimos desde então, bem difícil de se materializar novamente.

O clima era frenético. Advogados e banqueiros de investimento viravam dias e noites para colocar na rua as ofertas de clientes afobados para chegar à bolsa. Os cofres dos investidores esbanjavam liquidez em todo o mundo. Não faltavam interessados em nossas companhias, fossem elas excelentes, fossem medíocres ou uma tremenda barca furada. Aquela era a oportunidade única de colocar no bolso um naco do dinheiro exuberante que havia inundado o planeta nos anos pregressos. Os empresários mais competentes, sortudos ou simplesmente espertos sabiam que não podiam perder tempo. Ao menos até que 2008 chegasse e, com ele, a maior crise financeira das últimas décadas. A partir dali, nada voltaria a ser como antes.

Esta edição do Guia para Abertura de Capital reflete de forma curiosa algumas das transformações que floresceram nos últimos seis anos. Fazer um IPO tornou-se façanha para poucos. É preciso agora ter um negócio muito bom e concretas perspectivas de crescimento para ofertar ações. Além disso, é recomendável ter um plano bem traçado para desembarcar no mercado, recheado de alguma criatividade e bastante calma. A listagem em bolsa antes da oferta, por exemplo, revelou-se uma estratégia para conquistar os investidores aos poucos e preparar-se de modo mais consistente para o desafio.

Vale pensar também em soluções para adornar a operação — por exemplo, buscar um investidor que garanta parte da subscrição ou assegurar uma porta de saída a determinado preço, como fizeram Smiles e Biosev. Baratear o custo da oferta com medidas simples também é possível, conforme a Senior Solution demonstrou. Outra iniciativa louvável é criar o departamento de relações com investidores antes do ingresso no pregão, como recurso para sentir a temperatura do mercado e ensaiar os primeiros movimentos até o começo do jogo.

Este guia revela as principais facetas de um mercado não apenas mais maduro, como também mais real. Com ele, esperamos orientar empresários e prestadores de serviços a trilhar o caminho para o IPO munidos de informações neutras e boas referências. Boa sorte a todos nessa jornada!