Há momentos em que determinados temas dominam a pauta no mundo corporativo. É mais ou menos o que tem acontecido recentemente, e o assunto envolve algo nada trivial: a essência do que se entendeu como propósito das empresas nas últimas décadas. A onda vem dos Estados Unidos, com a divulgação de um manifesto de 181 CEOs de megacorporações. O texto diz que o retorno para os acionistas deve dar lugar ao atendimento dos interesses de todos os stakeholders como objetivo principal das companhias. A iniciativa, coordenada pela organização Business Roundtable, teve enorme repercussão e gerou fortes reações, como mostra a reportagem de Beatriz Quesada. O que ainda não se sabe são as implicações de uma guinada dessa magnitude.
A discussão sobre o propósito das empresas, não por acaso, também é o que baseia a coluna de Henrique Luz. E ele levanta alguns pontos interessantes. No caso específico do Brasil, a Lei das S.As., lembra, já desde 1976 estabelece que a função das empresas deve ir além da busca pelo lucro; o Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa, por sua vez, destaca que a mudança de cenário — em termos de demandas da sociedade — enseja uma nova postura das organizações. Ir contra a maré, ressalta, não parece ser a atitude mais adequada.
Também tem relação com essas novas circunstâncias do mundo corporativo o artigo assinado por Izabela Rücker Curi Bertoncello. A articulista aborda a contagem regressiva para que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entre em vigor no País (a data é agosto de 2020). Embora não haja muito tempo até lá, na avaliação da advogada a adaptação ao que determina a nova lei ainda é o calcanhar de aquiles de muitas empresas brasileiras, que precisarão adequar estruturas e equipes à nova realidade — e o quanto antes.
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