Excessos

Cruzar a fronteira do razoável é, na maioria das vezes, pôr em risco a continuidade das coisas. Esta edição passa por algumas situações em que as sobredosagens terminam em distratos ou temerosas sensações de insegurança para os envolvidos.

A batalha de Eike Batista para reverter os estragos provocados por seus sonhos superdimensionados, analisada na reportagem de capa, claramente resulta de uma vigorosa cadeia de excessos. Dos pronunciamentos deslumbrados do empresário aos números mágicos de suas projeções, passando pelas remunerações estonteantes de seus colaboradores, os pilares do império X eram pura brilhantina. Os investidores que embarcaram na ciranda, por sua vez, também esbanjaram otimismo. Como mostra a reportagem da página 20, o estudo de viabilidade da OGX, divulgado a todo o mercado, previa elevadas chances de as prospecções do ouro negro fracassar. Neste caso, não houve exageros.

A perigosa estratégia de dourar a realidade se repete na iniciativa de distribuir dividendos gordos quando os resultados são parcos, revelada na reportagem de Mariana Segala, à página 32. Estaria havendo um comportamento desmesurado das companhias em manejar contas do balanço ou placidamente ignorar seus prejuízos para, no fim do exercício, sancionar a esperada distribuição de lucros?

Interessante notar que, quando há abusos, os efeitos adversos não se resumem às catástrofes por eles geradas. Muitas vezes, as reações aos excessos também se manifestam em grandes volumes e, em vários casos, equivocadas. A iniciativa da Comissão Europeia de acabar com a divulgação de resultados trimestrais pode ser uma dessas situações, como aponta a matéria de André Rossi nesta edição. Discute-se por lá — e também por aqui — se essa é a melhor maneira de responder ao desmedido pensamento de curto prazo dos investidores e dos pilhados gestores das companhias.

Voltando ao Brasil, respostas exageradas parecem ter sido adotadas pela Receita Federal. Incomodada com certas malandragens abusadas do mercado, a autoridade fiscal afiou suas garras sobre as transações de compra e venda, os fundos de investimentos e os balanços das companhias, incitando uma guerra iminente contra o mercado. No caso dos balanços, uma instrução normativa lançada em setembro foi recebida com indignação e revolta e promete dar muita briga nas próximas semanas.

Por falar em ir além do razoável, nesta edição analisamos uma prática cuja sobrevida parece se estender muito mais do que deveria: a publicação obrigatória de balanços em jornais. Em uma iniciativa bem-recebida pelo mercado, a CVM ofereceu como alternativa às companhias a possibilidade de divulgar informações em portais de notícias, em vez da mídia impressa. Mais econômico e, em alguns casos, gratuito, o meio on-line tende a ser uma opção mais equilibrada para os orçamentos das empresas. Finalmente, uma solução que aponta para o caminho do meio.


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