Já há algum tempo participantes do mercado de capitais vêm notando uma mudança relevante de postura da Receita Federal em relação a algumas estruturas de captação. Exemplos claros dessa nova atitude estão nas exigências de mais informações (muitas vezes, na prática, impossíveis de se obter) e nas vultosas autuações que recaem sobre os fundos de investimento em participações (FIPs). Estaria o fisco exagerando nos seus requerimentos e avaliações? Foi essa a questão que motivou a conversa no mais recente Grupo de Discussão Tributação promovido pela CAPITAL ABERTO. Os trechos mais importantes do debate abrem esta edição.

Eliseu Martins, de certa forma, também trata de exageros em sua coluna. Ele reflete sobre a pertinência da criação de mais órgãos para a regulamentação de aspectos da contabilidade. Martins alerta que, com amarras adicionais, os contadores correm o risco de mais causar confusão entre os consumidores de informações financeiras do que esclarecer dados contábeis — o que, afinal, é sua função primordial. Confusão também pode ser observada no processo de privatização da BR Distribuidora. É o que defende Carolina Fidalgo, a ocupante da semana do espaço de articulistas. Na opinião dela, o modelo de venda da participação da Petrobras na companhia gera insegurança jurídica para os demais acionistas.

Há também excessos na postura das organizações em relação aos erros de seus colaboradores, afirma Alexandre Di Miceli na coluna Governança. Na avaliação dele, em vez de malvistos, os insucessos deveriam ser aceitos e até encorajados nas empresas. Afinal, como evoluir se não se pode aprender com a experiência do erro? E há um risco adicional, adverte Di Miceli. “Quando se trabalha em uma organização em que errar não é permitido, os erros simplesmente tendem a ser menos reportados”, escreve. Vale a reflexão.