Em benefício de quem?

Alinhamento de interesses é uma premissa fundamental na relação entre emissor e investidor. Quando esse acordo de expectativas se rompe, o relacionamento não demora a ruir — o que no mercado de capitais significa, na maioria das vezes, deduções no preço da ação. Em diferentes versões, o tema aparece em algumas reportagens desta edição. A começar pela capa, dedicada a tratar de uma provocação que está na ponta da língua de alguns acionistas minoritários: não estariam os conselheiros independentes tomando assentos que poderiam ser ocupados por executivos das próprias gestoras, mais atentos aos resultados e alinhados com o longo prazo?

O assunto é controverso e tem algumas facetas. O conselheiro pode ser independente, mas não devidamente comprometido com a companhia. Participa de vários boards ao mesmo tempo e, sobrecarregado demais, não dá a atenção necessária aos números e à gestão de cada empresa. O investidor, por sua vez, pode não ter a visão de longo prazo que se espera dele. Ou, ainda, não mostrar interesse em participar de um conselho e ter de lidar com as amarras que essa atribuição lhe impõe — ele não pode negociar as ações em certos períodos — sem que seja recompensado à altura pelo esforço.

Na última temporada de assembleias ficou claro que, a despeito dessa preocupação, os investidores estão se mostrando mais dispostos a ingressar nos conselhos. Sentem falta de se ver bem representados nas companhias em que participam e de ter seus interesses atendidos. É o que vimos no caso da HRT, em que os minoritários conquistaram três assentos no board e mais um conselho fiscal. Eles querem pôr ordem na casa, reduzindo os custos extravagantes e ajustando a estratégia duvidosa de busca de petróleo — até agora, a companhia não encontrou óleo comercializável em nenhuma de suas prospecções.

Desalinhamentos de interesses com os administradores também frustram os investidores das gestoras de private equity, como mostra a reportagem da página 38. O curioso é que essas empresas deveriam ser experts em lidar com essa questão — são investidoras, afinal —, mas não é isso o que acontece. Acionistas dessas firmas observam despesas demais nos balanços e retorno de menos em suas ações, além de pouca transparência sobre a escolha das investidas.

Por fim, em reportagem sobre os aportes do BNDES, mostramos que muitas das companhias eleitas para serem campeãs nacionais apenas acumularam prejuízos e não atingiram o status almejado pelo banco. São empresas que poderiam ter recorrido ao mercado de capitais para se financiar, mas encontraram na instituição de fomento um parceiro disponível e conveniente. Nesse caso, o dinheiro em questão foi fornecido por cidadãos bem menos organizados que os investidores institucionais. Infelizmente.

, Em benefício de quem?, Capital Aberto


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