Não é de hoje que o foco em negócios com demanda pulsante e geração de caixa robusta é o segredo do sucesso de investidores prestigiados. Warren Buffett tornou-se um dos mais exemplares autores dessa estratégia cuidadosa e sustentável. Mas é em momentos como o atual, marcados por uma crise de extensão e profundidade desconhecidas, que essas preciosidades da bolsa de valores brilham de verdade. Com exportações expressivas, baixa dívida em dólar, um enorme caixa disponível para aplicações financeiras e produtos e serviços que não perdem clientes nunca, algumas companhias surgem como um oásis de confiança no meio do caos. Não por acaso, dedicamos a elas a capa desta edição de aniversário, comemorativa de 12 anos da capital aberto. É sempre bom saber que existem acionistas felizes nestes tempos difíceis.

Também nesta edição duas excelentes reportagens de Yuki Yokoi detalham estratégias pouco cuidadosas e provavelmente nada sustentáveis. Uma delas conta a história de uma empresa que chega à bolsa de valores por uma via pouco convencional: usa a estrutura de uma companhia já listada, com histórico conhecido e mais de mil acionistas. A outra explora os problemas causados por programas de concessão de opções de compra de ações para executivos que, na verdade, eram apenas salários.

Neste número comemorativo, algumas seções merecem destaque. Em Antítese, dois consagrados advogados argumentam sobre uma questão essencial: é dever de uma companhia estatal de capital aberto priorizar o lucro? Na Governança, Alexandre Di Miceli aborda os riscos dos termos adotados pelas organizações: eles podem espelhar — e causar — uma profusão de comportamentos indesejados. Em Retrato, uma vida inspiradora e repleta de sentidos. Tudo isso entre outras boas matérias que compõem esta edição especial. Boa leitura!