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O impacto do ESG nas demonstrações financeiras
É preciso que as companhias reflitam como podem tratar esses aspectos em notas explicativas e contas do balanço
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Os contadores também estão se organizando para propor um padrão de divulgação ESG uniforme. Imagem: Freepik

No final do ano passado, líderes das principais nações globais se reuniram durante 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-26), realizada no Reino Unido, para debater como reduzir o impacto do aquecimento global no planeta. Na ocasião, os países reforçaram a urgência da diminuição de emissões de gases de efeito estufa em 45% até 2030, para que a temperatura da Terra não suba mais de que 1,5ºC. O Brasil, especificamente, se comprometeu a diminuir a emissãode carbono em 50% até essa data e alcançar o net zero até 2050 — prazo que, anteriormente, estava marcado para 2060.


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Ainda não está claro como os governos irão conseguir cumprir a meta de redução de CO2. Sozinhos e sem ser pela via da regulamentação, eles não têm capacidade de executar as ações necessárias. Daí a importância de as corporações se engajarem na adoção de práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês), para que esse objetivo possa ser alcançado.

Um levantamento feito pelo Carbon Tracker, no entanto, mostra um cenário preocupante. De acordo com o estudo, 70% das empresas listadas nas principais bolsas de valores do mundo em 2020 não apresentaram informações sobre como os riscos climáticos afetariam suas operações. Também foi constatado que os auditores não mencionaram nada sobre o assunto em seus pareceres. Diante dessa situação, o Fórum Econômico Mundial criou grupos de trabalho com o intuito de definir um formato de divulgação de informações ESG que possa ser entendido por todos. A partir desse trabalho, nasceram iniciativas importantes, como a Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).

Os contadores, por sua vez, também estão se organizando para propor um padrão de divulgação uniforme. Em novembro do ano passado, o IFRS Fundation (organização responsável pelo desenvolvimento das normas internacionais de contabilidade) anunciou a criação do International Sustainability Standards Board (ISSB), voltado para o desenvolvimento das normas internacionais de sustentabilidade que deverão ser implementadas e refletidas nos demonstrativos financeiros em um futuro próximo.

Pontos de atenção

Mas antes mesmo da divulgação dessas normas, é importante que as companhias elaborem suas demonstrações financeiras pensando em refletir — seja via mensuração de uma conta, seja pela ampliação de uma nota explicativa — o impacto ambiental que estão gerando. Para isso, a empresa deve verificar qual compromisso ambiental assumiu e como isso afeta o seu parque industrial.

Nesse contexto, um aspecto que deve ser observado diz respeito ao impairment (mecanismo que define a redução do valor contábil de um ativo em decorrência de eventos que diminuam a expectativa de seu retorno financeiro). Podemos usar como exemplo o caso de uma empresa de energia que tem uma frota de caminhões a diesel e já assumiu que não poderá mais usar esse tipo de combustível em três anos. O que fazer? É preciso olhar para o parque e considerar se ele ainda vale o que valia antes. Isso pode levar efetivamente ao registro de uma perda por impairment.

Outro ponto a ser observado é a obrigação de retirada de um ativo (asset retirement obligations), que determina que a companhia garanta que o que está sendo adquirido terá um descarte adequado. No caso da indústria de petróleo, várias empresas acabam registrando estoques submarinos, de peças de reposição, por exemplo. De certa forma, esse ativo deveria estar mensurado no que diz respeito ao valor de custo de retirada e da destinação correta destes ativos.

É importante, ainda, que as companhias elaborem notas explicativas com informações claras e completas, que ajudem o mercado a entender o raciocínio e o julgamento que a administração fez em relação aos aspectos ambientais elencados. Por fim, mas não menos importante, é fundamental que as empresas utilizem os dados apresentados na demonstração financeira de forma integrada no relatório de sustentabilidade e no relatório anual. Afinal, transparência e uniformidade são itens essenciais para o investidor.

Manuel Fernandes ([email protected]) e Sebastian Soares ([email protected]) são sócios da KPMG.

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