Muitos se perguntam o que de fato causa o sobe e desce do valor das ações. Um esforço enorme foi feito por economistas e investidores no mundo inteiro durante décadas — para não dizer séculos — com o objetivo de entender qual seria a razão fundamental das oscilações de preços em mercados organizados. Afinal, quem descobrisse isso ficaria rico, ao sair na frente dos demais, vendendo antes de todos e comprando na véspera de começar a euforia.
Algumas hipóteses foram levantadas. A mais famosa diz que as expectativas são formadas de maneira racional: os agentes conseguem prever com razoável precisão o que vai ocorrer no futuro; os desvios em relação ao valor projetado seriam apenas passeios aleatórios. Essa teoria apregoa que, se os mercados tiverem substancial liberdade, os agentes criarão seguro contra tudo e, assim, o sistema como um todo se tornará mais robusto.
Depois de 2008, essa hipótese heroica caiu por terra. O que os economistas podem apontar sobre a bolsa, então? Será que não existe nada em que a economia pode nos auxiliar para entender os mecanismos subjacentes na formação de preços?
A palavra central aqui é expectativa. A bolsa de valores para um economista fornece informações valiosas. Apesar de não conhecermos a origem das expectativas, podemos afirmar com razoável certeza que o preço das ações é a expressão visível delas (quer sejam racionais, quer não sejam). Nesse sentido, o pregão acaba sendo um termômetro do humor dos empresários — mais particularmente, dos investidores profissionais —, o que reflete em parte as decisões de investimento da sociedade de maneira geral.
Queremos dizer, com esse raciocínio, que a bolsa em grande medida antecipa o que vai ocorrer com a economia. Se é verdade que 2014 foi um ano difícil e 2015 também será, isso implica que a bolsa teria que reagir a esse cenário negativo, caindo antes de a economia embicar (talvez o PIB se contraia por conta do pessimismo, mas a relação causal é difícil de determinar).
Acreditamos, de maneira geral, que 2016 tende a ser um ano melhor. Logo, é de se esperar que, apesar de a atividade afundar, o Ibovespa pode apresentar uma alta ao longo de 2015 antecipando o próximo ano. Cabe tomar cuidado, contudo. Muita gente acha que o Ibovespa é igual ao Brasil, mas não é. O índice da bolsa representa a variação do preço de algumas empresas, que não representam o País em sua multiplicidade. Existe uma concentração de 30% da carteira nos setores de commodities e exportação. As commodities podem melhorar em 2015, na margem, mas devemos aqui ter cautela: há ainda muito o que acontecer com o petróleo e o minério de ferro, por conta seja dos árabes, seja dos chineses.
No entanto, meu otimismo contido se dá por outro canal. A liquidez internacional está extremamente elevada. Para se ter ideia do tsunami monetário, os juros suíços para contratos de dez anos estão sendo negociados a -0,2%. Como a BM&FBovespa é uma das maiores bolsas do mundo e o câmbio brasileiro é relativamente livre, essa liquidez deve vazar para cá. Basta uma das agências de classificação de risco dizer que o Brasil é seguro para dar a senha aos investidores globais. É provável, portanto, que o índice da bolsa suba em 2015.
Dê a sua opinião:
[poll id=”20″]
Para continuar lendo, cadastre-se!
E ganhe acesso gratuito
a 3 conteúdos mensalmente.
Ou assine a partir de R$ 34,40/mês!
Você terá acesso permanente
e ilimitado ao portal, além de descontos
especiais em cursos e webinars.
User Login!
Você atingiu o limite de {{limit_online}} matérias gratuitas por mês.
Faça agora uma assinatura e tenha acesso ao melhor conteúdo sobre mercado de capitais
Ja é assinante? Clique aqui