Quedas bruscas, abruptas, dos preços dos ativos financeiros — a exemplo do que ocorreu com os mercados globais nas primeiras semanas deste mês de fevereiro —representam mais que perdas imediatas para muitos investidores: podem de fato ser um prenúncio muito pouco auspicioso.
É fundamental revisitar a tradicional teoria dos ciclos para compreender esse tipo de comportamento dos mercados financeiros. Foi o médico e estatístico francês Clément Juglar (1819-1905) quem primeiro detectou, em meados do século 19, a existência de ciclos econômico-financeiros. Até aquela época, os mercados de ações eram surpreendidos, aproximadamente a cada nove anos, por uma queda frenética — inicialmente denominada pânico e, um pouco mais tarde, de “craques”.
De acordo com a observação e a conclusão de Juglar, os períodos de prosperidade e especulação abarcariam de seis a sete anos. A fase de crise seria curta, durando poucos meses, e a fase de liquidação levaria entre um e dois anos. Somando as etapas de prosperidade-especulação e de crise-liquidação, o francês chegou aos nove anos do movimento completo do ciclo. Mais tarde batizada de “Ciclo Juglar”, essa teoria identificou as mais notórias ondas cíclicas de média duração nas economias livres e desenvolvidas. Desde o fim do século 20, todas as economias estão a elas ligadas, pela intensa disseminação do mecanismo da globalização.
Trazendo a teoria de Juglar para a realidade do início do terceiro milênio: todos sabem que os mercados mundiais foram sacudidos, em setembro de 2008, pela quebra do Lehman Brothers, evento que selou o encerramento de um ciclo de prosperidade. Em seguida, por volta de 2010, em decorrência das políticas de afrouxamento monetário patrocinadas pelos bancos centrais de vários países, a economia mundial recuperou o ritmo e o compasso de desenvolvimento que vem prevalecendo desde então. Estamos, portanto, aproximadamente, no oitavo ano dessa fase de crescimento. É natural, de acordo com a teoria dos ciclos, esperar um novo e repentino movimento contracionista — o pânico — que anunciaria o início da fase de liquidação. Se mais uma vez a tese do médico francês funcionar na prática, há razão para os investidores já se prepararem para enfrentar o furacão que se avizinha.
*Ney Carvalho é escritor e historiador
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