Embora a MiFID II — sigla em inglês para a segunda diretiva europeia de mercado para instrumentos financeiros, em vigor desde janeiro deste ano — não se aplique diretamente fora do bloco econômico, uma pesquisa da Australasian Investor Relations Association (Aira) descobriu que o novo regulamento está forçando companhias da região da Ásia e do Pacífico a encontrar novas maneiras de se comunicar globalmente.
Uma pesquisa feita com 54 companhias da região — a maioria listada em bolsas de valores de Austrália e Nova Zelândia — mostrou que os bancos estão se dedicando menos ao trabalho de cobertura de empresas, que dá origem aos relatórios de análise. Antes do MiFID II, era comum as gestoras de recursos receberem esse material “gratuitamente”, em troca da utilização dos serviços de negociação dos bancos de investimento. Mas desde que a regra entrou em vigor esse serviço precisa ser pago, pela asset ou pelo cotista do fundo. Assim, a cobertura de empresas pelas instituições financeiras passa a depender de demanda. A questão é: de quantos comentários de analistas sobre os resultados trimestrais de uma empresa o buy side realmente precisa?
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Diante desse cenário, as empresas pesquisadas estão contratando internamente profissionais para manter e ampliar o engajamento com os investidores. De acordo com o levantamento, 40% delas disseram ter menos analistas cobrindo seus negócios atualmente em comparação com o período de 6 a 18 meses anteriores. Além disso, 47% afirmaram que a qualidade do trabalho de research feito pelos bancos piorou. Uma possível explicação seria a migração dos analistas que trabalham nessas instituições para casas de análise independentes.
O perigo é, com essa mudança, o investidor não ter informação de qualidade para embasar suas decisões. Aumenta, portanto, o desafio dos profissionais de relações com investidores, que terão que esforçar mais para manter os investidores bem informados. Não à toa 54%, das companhias pesquisadas concordam que precisam aprimorar a forma como engajam e se comunicam.
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