Na constante evolução do mercado de capitais, além da criação de ambientes como o sandbox regulatório e a tokenização de ativos, a tecnologia também tem adentrado no universo dos ativos regulados, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Com isso, os reguladores devem trazer novas diretrizes.
“O regulatório do mercado de capitais tem mudado muito e a tecnologia está entrando em ativos regulados. A regulamentação vai trazer alguma diretriz. Qual vai ser? A gente ainda não sabe”, comenta Flavio Scarpelli, COO da Vórtx QR Tokenizadora, durante o evento do MZ Group nesta sexta-feira (20). “Do nosso lado, olhando para a Vórtx, para toda a história, em vez de esperar a onda passar e eu correr atrás dela, estamos tentando construir junto com o mercado essa onda para poder acontecer.”
Para Scarpelli, com a tecnologia, existe espaço para todo tipo de estrutura, produto, e modelo, “depende de a gente fazer isso acontecer”, diz. Segundo o executivo, o mercado tokenizado vai mudar a forma com que as coisas são feitas. Não mudar, necessariamente, o que é feito, e sim como.
Durante o painel, que também contou com a participação de Felipe Souto, CEO da Bloxs, os executivos discutiram o futuro da securitização e as ações que os órgãos reguladores têm tomado nesse sentido, sendo a soma de avanço tecnológico e regulatório a convergência de fatores que gera um “ponto de inflexão”. “A resolução 60, em específico, uma das suas principais inovações foi a possibilidade de você ter um título Coringa, que é o CR, título que vem ganhando espaço. Por que coringa? Porque a gente tem o CRI e o CRA, que carregam um benefício fiscal, a isenção para os investidores PF, mas caricia de um instrumento claro para a adoção de outros créditos”, disse Souto, durante o evento.
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“O CR, como coringa, possibilita, por exemplo, a emissão de um CRJ, um certificado de recebimento judicial, CRE e por aí vai. A criatividade aguçada pode aflorar e podemos construir produtos bastante inovadores dentro das normas sem precisar fazer um puxadinho”, complementou o CEO.
Falando de tecnologia e seu potencial pode causar, sua junção com ativos chamados regulados permite a criação de novas estruturas no mercado, o que os agentes em explorado. “As novas regras, as novas instituições, estão permitindo, hoje, criar produtos, CRs coringas. E no caso de tokens, hoje um token é um CR, que é um coringa, mas um token, por si só, não precisava ser um CR, pode ser só um contrato inteligente direto no crédito imobiliário. Mas ainda não existe regra para isso”, comenta Scarpelli, da Vortx.
De acordo com o executivo, o regulador do mercado de capitais “está muito em cima”, fazendo fóruns de consulta, citando como um movimento muito importante o próprio Sandbox, que mostrou que o regulador, diferente do que ocorria no passado de “deixar o mercado ir fazendo” e depois implementar as regras. “Agora ele colocou o Sandbox, para poder olhar como esse mercado vai se comportar. Por exemplo, um CRI negociado no nosso mercado, hoje é dispensado de depositário, da câmara de liquidação e compensação, mas os outros players não. Por quê? Porque a CVM quer entender como a tecnologia blockchain pode garantir o que os prestadores de serviços atuais garantem no processo.”
Com isso, Scarpelli não acredita que os prestadores tradicionais vão sumir, mas que serão ressignificados. Falando de apostas para o futuro, os executivos citam dados, IA e blockchain como verticais que devem impulsionar o mercado de capitais. “Quando a gente vai para o mercado de capitais, os títulos, de fato, valores mobiliários, não tem como fugir de tentar uma abordagem com a blockchain, porque é a infraestrutura que possibilita que você gere smart contracts e esses contratos inteligentes nada mais são do que contratos com programações”, menciona o CEO da Bloxs.
Outro fator mencionado como importante é o Drex, o real digital, que entra na seara da tecnologia e do avanço regulatório, e traz o selo e a infraestrutura monetária necessária para trazer a fluidez para esse mercado.
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