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Pandemia acelera revolução nos investimentos alternativos
Há boas oportunidades em crédito privado de maneira geral, com destaque para ativos imobiliários e private equity
Roque Calleja

Roque Calleja é head de investimentos alternativos da BlackRock na América Latina | Ilustração: Julia Padula

Investidores focados no longo prazo em mercados ilíquidos têm muito a levar em conta neste ano de 2021. A pandemia e as alterações estruturais da economia e das sociedades estão impulsionando mudanças que abrangem diferentes classes de ativos, e que permearão o futuro.

Na BlackRock, temos observado um intenso retorno das oportunidades de investimento e uma valorização importante dos ativos depois do trauma inicial da pandemia, no primeiro trimestre de 2020. No crédito privado, por exemplo, tendem a surgir opções relacionadas a situações de reestruturação e estresse, na medida em que os efeitos dos confinamentos e das alterações estruturais que estão acontecendo alcancem mais empresas. Nesse contexto, elas precisarão encontrar soluções em mercados privados de crédito, uma fonte essencial para suas necessidades de financiamento.

Para se ter uma ideia, o mercado de dívida sub-investment grade nos Estados Unidos cresceu de 2 trilhões de dólares para 5,7 trilhões de dólares desde 2007 e o mercado de dívida privada já representa 850 bilhões de dólares em ativos, caminhando para superar a marca de 1 trilhão de dólares. Muitos bancos e fontes tradicionais de financiamento já não participam da mesma maneira dessa dinâmica — por causa de regulações e exigências de capital —, o que acelerou o crescimento desse tipo de ativo de modo exponencial.

Ao mesmo tempo, por conta dos níveis mais altos de dry powder, cresce a concorrência por investimentos, o que exerce pressão sobre os retornos (embora ainda em níveis atraentes) — nesse cenário, há menos tempo para se encerrar transações, o que reforça a importância de experiência, boas relações e recursos jurídicos adequados para uma execução rápida. Além disso, os altos níveis de dry powder no mercado alternativo estão levando a um maior escrutínio das capacidades de investimento dos diferentes gestores. Ficou muito mais

importante para o gestor contar com fontes diferenciadas para a originação dos negócios e demonstrar facilidade de acesso e eficiência para executá-los.

Real estate e infraestrutura

Em real estate (ativos imobiliários) e infraestrutura, a expectativa é de que os investidores olhem além dos setores que se beneficiaram da pandemia, participando mais ativamente de outros segmentos favorecidos por uma recuperação cíclica — situações nas quais as avaliações se tornaram muito pessimistas em alguns casos e em que há pontos de entrada altamente atraentes.

No que se refere a private equity, observamos um claro aumento do apetite por exposição a setores como tecnologia e saúde, além de um cenário não visto na última década para o mercado secundário, no qual descontos e oportunidades de entrada são altamente atrativos.

Das tendências aceleradas pela pandemia, destacam-se duas em particular: a digitalização e a descarbonização, esta última também ajudando a intensificar o foco nos padrões de ESG (fatores ambientais, sociais e de governança). Vale ressaltar que a transição em direção a um mundo virtual é um dos efeitos mais profundos da pandemia. Mesmo em meio a uma grande concorrência, continuamos encontrando oportunidades altamente atraentes tanto em private equity quanto no crédito privado, nas empresas de serviços na nuvem.

No setor de real estate, acreditamos que a expansão do e-commerce continuará fazendo do setor de logística industrial um claro beneficiário. O foco da BlackRock está, nesse caso, nas instalações de distribuição last mile, nas quais a alta ocupação e o aumento do valor do aluguel podem beneficiar os proprietários — e a localização é o principal fator de lucratividade.

Já quando se fala de infraestrutura, os centros de dados estão evoluindo por si mesmos como uma espécie de ativo. Buscamos mitigar o risco indicando centros de dados capazes de atender a uma base de clientes diversificada dentro dos setores industriais mais sólidos, como biotecnologia/ciências biológicas ou de serviços empresariais.

Agenda verde nos EUA

Nos Estados Unidos, esperamos que as políticas da administração Biden tenham efeitos significativos sobre os mercados. Em particular, acreditamos que uma agenda verde ambiciosa poderia acelerar significativamente a tendência global de descarbonização, com consequências não apenas para o setor energético, mas também para diferentes espécies de ativos, como real estate, e para as cadeias de fornecimento.

Têm crescido de maneira expressiva os tipos de transações nos mercados, à medida que a incerteza econômica veio diminuindo desde o segundo semestre de 2020, e acreditamos que essa tendência continuará.

Do lado dos riscos, estamos atentos a possíveis retrocessos na administração das vacinas e na luta contra a pandemia e ao impacto dos estímulos econômicos, seja por meio de impostos mais altos ou inflação — ou ambos. As surpresas positivas potenciais em nosso radar incluem uma demanda reprimida maior do que a esperada e uma volta mais forte dos setores, além de um impulso inesperado da adoção do 5G sem fio e dos fortes estímulos e investimentos públicos nos Estados Unidos.

Para o investidor do mercado de crédito privado, portanto, essa conjuntura representa uma oportunidade de investimento em longo prazo não observada em décadas.


Roque Calleja ([email protected]) é head de investimentos alternativos da BlackRock na América Latina

 

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