O afrouxamento da política monetária dos Estados Unidos, após um período de taxas bem acima do padrão histórico, já era esperado e foi confirmado pelo Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed. A autoridade monetária optou por uma redução mais acentuada no juro do país, de 0,50 ponto percentual, levando a taxa para a banda entre 4,75% e 5% ao ano. Parte do mercado acreditava em uma redução mais modesta, de 0,25 ponto percentual.
No comunicado do Fed, publicado logo após a reunião, a autoridade monetária destacou a busca pelo centro da meta de inflação e pelo pleno emprego, mandato diferente do perseguido pelo Banco Central do Brasil. “Os indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Os ganhos de emprego desaceleraram, e a taxa de desemprego aumentou, mas permanece baixa”, afirma o comunicado, acrescentando que a inflação fez mais progressos em direção ao objetivo de 2%, embora permaneça “um pouco elevada”.
Em outro trecho do documento, o comitê lembra seu papel de “alcançar o máximo emprego e inflação na taxa de 2% no longo prazo”. O Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% e julga que os riscos para alcançar suas metas de emprego e inflação estão “aproximadamente equilibrados”. As perspectivas econômicas são consideradas incertas pelo FOMC, conforme consta do comunicado, alertando que está “atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato”.
Não houve unanimidade na decisão. A diretora Michelle W. Bowman destoou do restante do colegiado e optou por um corte menor, de 25 pontos-base na taxa. No comunicado, o FOMC acrescenta que continuará monitorando os dados econômicos e os riscos ao considerar ajustes futuros na taxa dos fed funds.
Expectativa pelo Copom
O mercado aguarda agora a decisão do Banco Central em relação aos juros domésticos, hoje em 10,50% ao ano. Há, ao menos no mercado financeiro, uma unanimidade em relação à necessidade de alta, seja pela atividade econômica forte ou pela necessidade de ancorar as expectativas de inflação futura. Qualquer que seja a decisão de elevar a Selic, em 0,25 ponto ou em 0,50, elevará o diferencial de juro entre Brasil e Estados Unidos o que deve, na visão do mercado, atrair capital para o país.
Entre março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário para controlar a alta sistemática de preços. A Selic foi mantida estável em 13,75% ao ano até agosto de 2023, quando foram promovidos cortas na taxa até o nível atual, de 10,50% ao ano. Se confirmar a elevação da taxa na reunião de hoje, o Copom estará caminhando na direção contrária da maioria dos Bancos Centrais das principais economias.
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