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Dólar encosta em R$ 5,80 e passa por ajuste após dados de mercado de trabalho dos EUA
Aumento do juro no Japão, Copom, Fed, fraqueza na economia da China e até payroll afetam real, moeda com o pior desempenho contra o dólar
Diego Costa, head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio
Diego Costa, head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio

O dólar chegou a bater R$ 5,80 nesta sexta-feira (02), diante de um cenário de incertezas fiscais e internacionais, passando na sequência por alguma correção na rota, repercutindo dados mais fracos do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Na véspera, a moeda estrangeira fechou a R$ 5,74, maior cotação desde dezembro de 2021. O real se tornou a moeda com o pior desempenho contra o dólar ao longo deste ano.

Por volta das 12h50, o dólar operava em leve queda de 0,17%, a R$ 5,7386, após a alta histórica. A semana foi marcada por eventos significativos que afetaram o mercado cambial, com diversos indicadores e ajustes de expectativas influenciando a depreciação do real em relação ao dólar. 

“A alta de juros no Japão, com a decisão do BoJ de elevar as taxas de juros, acompanhada de expectativas de novos aumentos, impactou negativamente o real. Esse movimento reforça a atratividade de investimentos no mercado japonês, diminuindo a demanda por ativos de mercados emergentes, como o Brasil”, comenta Diego Costa, head de câmbio para o norte e nordeste da B&T Câmbio.


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Segundo o especialista, a desaceleração econômica da China, refletida na queda do PMI Industrial também afetou o câmbio, uma vez que a menor demanda da China por commodities pode reduzir a oferta de dólares no Brasil, contribuindo para a valorização da moeda estrangeira frente ao real.

No contexto internacional, a crise no Oriente Médio foi lembrada por especialistas. “A alta do dólar é impulsionada por fatores internacionais, como o acirramento das tensões no Oriente Médio e a contração econômica nos EUA, aumentando a aversão ao risco e a busca por ativos seguros. Domesticamente, a desvalorização do real é acentuada pela falta de uma política fiscal sólida e as expectativas de juros altos”, explica Luiz Felipe Bazzo, CEO do Transferbank. José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, faz coro: “o agravamento da crise no Oriente Médio aumentou a incerteza global e a aversão a risco, mas, por aqui, dólar e juros andaram em diferentes direções”.

O comunicado do Copom, após manter a Selic estável em 10,50% ao ano, é outro fator citado que teve influência no câmbio. O tom mais duro do que o esperado no comunicado ressalta os desafios econômicos domésticos, como o risco de aumento do déficit fiscal mesmo com uma arrecadação crescente.

Hoje foi dia de divulgação dos dados sobre o desempenho da indústria local. “Após se aproximar dos R$ 5,80, o maior nível desde dezembro de 2021, o dólar sofreu uma correção com a divulgação do Payroll nos Estados Unidos, que ficou muito abaixo das expectativas. A produção industrial no Brasil surpreendeu positivamente, com resultados acima das projeções”, diz Costa.

Outro evento que influenciou o movimento no câmbio foi a reunião de política monetária do banco central dos EUA. Jerome Powell, presidente do Fed, destacou em seu discurso após a decisão de política monetária a preocupação maior com a desaceleração dos preços do que com o mercado de trabalho. O Fed enfrenta o desafio de equilibrar a inflação e o máximo emprego, conforme seu mandato duplo. 

Dados do Payroll

O crescimento do emprego nos EUA desacelerou mais do que o esperado em julho, enquanto a taxa de desemprego aumentou para 4,3%, o que pode aumentar os temores de que o mercado de trabalho esteja se deteriorando e potencialmente tornando a economia vulnerável a uma recessão.

O número de vagas criadas aumentou em 114 mil empregos no mês passado, após um aumento revisado para baixo de 179 mil em junho, segundo o Departamento do Trabalho dos EUA em seu relatório de emprego, o payroll, observado pelo mercado nesta sexta-feira (02).

Economistas ouvidos ​​pela Reuters previam que as folhas de pagamento avançariam em 175 mil empregos após um ganho relatado anteriormente de 206 mil em junho. As estimativas variaram de 70 mil a 225 mil.

“O relatório de empregos (Payroll) aponta para um corte de juros pelo Fed em setembro. A criação de vagas de trabalho foi de 114 mil, bem abaixo das 175 mil esperadas pelo mercado, e o número do mês anterior foi revisado de 215 mil para 179 mil”, aponta Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos sobre Payroll. “A maior parte das novas vagas veio do setor de saúde, e o aumento da taxa de desemprego foi bem distribuído entre os grupos. No geral, este Payroll reforça a expectativa de um corte de juros em setembro.”

Os dados salariais foram baixos, medidos pelos ganhos médios por hora, com um aumento mensal de 0,2%, comparado a 0,3% anteriormente, e uma redução anual que foi de 3,8% em junho para 3,6% em julho. Embora o crescimento salarial permaneça acima da faixa de 3% – 3,5% vista como consistente com a meta de inflação de 2% do Fed, ele estendeu a série de dados favoráveis ​​à inflação. O relatório de emprego selou o caso para um corte de taxa em setembro do banco central dos EUA.

O aumento da taxa de desemprego de 4,1% em junho marcou o quarto aumento mensal consecutivo. Isso pode aumentar os temores sobre a durabilidade da expansão econômica.

“O relatório de emprego de julho com números muito abaixo do esperado contribuiu para reforçar o cenário de incertezas do que pode vir pela frente. Em conjunto com a divulgação de resultados das gigantes de tecnologia abaixo do esperado, crescem os temores de que uma deterioração mais importante da atividade econômica possa já estar em curso”, comenta Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad. Para o Bank of America (BofA), os dados de emprego nos EUA foram fracos o suficiente para garantir um corte em setembro. “Acreditamos que um relatório de emprego de julho mais suave do que o esperado, na esteira de outros dados suaves, como o relatório de manufatura do ISM, ajuda a fixar um corte de taxa em setembro. Portanto, ajustamos nossa perspectiva para a política monetária em favor de mais cortes. Agora esperamos que o Fed corte sua taxa básica de juros em 25 pb na reunião de setembro”, dizem os economistas do BofA, Stephen Juneau, Shruti Mishra e Parque Jeseo, em relatório. Os especialistas do banco afirmaram, no entanto, que a chegada do furacão Beryl ao Texas influenciou os dados do payroll. O banco espera cortes em setembro e dezembro e reduziu sua taxa terminal no próximo ciclo de flexibilização para 3,25 – 3,5%, uma queda de 25 pontos base em relação ao período anterior.


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