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BC sobe Selic para 10,75%, sinalizando ambiente externo desafiador e incerteza sobre desinflação
Colegiado votou unanimemente para a alta de 0,25 p.p, ressaltando que cenário nos EUA suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e da postura do Fed
Luiz Rogé, economista, gestor e sócio da Matriz Capital Asset
Luiz Rogé, economista, gestor e sócio da Matriz Capital Asset

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) alterou nesta quarta-feira (18), de forma unânime, a Selic em 0,25 p.p, para 10,75% ao ano, afirmando que o cenário global ainda incerto e o dinamismo do mercado doméstico, com resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas exigem maior cautela, postura que já era esperada pela ampla maioria do mercado. 

A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado, após mais de dois anos sem aumentar a taxa. No comunicado, o colegiado ressaltou que o momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas.”

Selic, BC sobe Selic para 10,75%, sinalizando ambiente externo desafiador e incerteza sobre desinflação, Capital Aberto

Sobre o cenário interno, os membros do BC mencionaram o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho, que têm apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo. 


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“Comunicado realista e hawkish, principalmente porque menciona explicitamente que estamos iniciando um ciclo de alta. E não deixa claro o tamanho da alta porque o comitê é data dependent, depende da evolução das variáveis, seja de inflação, seja do ritmo de atividade, desancoragem, para poder precisar isso”, comenta Luiz Rogé, economista, gestor de investimentos e sócio da Matriz Asset Management.

O Comitê também destacou que há uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação, como uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado, uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Já entre os riscos de baixa, mencionam uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada, e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

Para Rogé, o comitê vai tateando e aumentando a taxa de juros conforme achar que deve, e já afirmou que um ciclo de alta começou e fala isso explicitamente. “É claro que, se tivermos surpresas, pode não vir outras altas, mas eu não acredito, porque eles estão sendo muito explícitos nisso. Eles não acreditam que vai, de imediato, acabar essa condição pior.”

O executivo destaca que os fatores apontados pelo comitê em razão da alta da taxa basicamente são os mesmos do comunicado anterior, com a diferença bastante clara de que está sim havendo uma assimetria positiva para o lado da inflação, entre a probabilidade de alta da inflação e de baixa dela. “Importante destacar que a decisão foi unânime. Todos os diretores votaram pelo aumento da taxa, o que é visto de forma positiva”, comenta.

Segundo o membros do colegiado, em comunicado, “O ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.”

No início do comunicado, o Copom também menciona o dólar, da mesma forma como foi comentado no comunicado anterior, citando seu possível efeito inflacionário, mas em nenhum momento comentam com mais ênfase a questão de uma desvalorização cambial, uma potencial ou possível continuidade de desvalorização cambial. “Isso deve ser, na minha visão, por conta exatamente da queda que houve na taxa de juros americana, definida hoje pelo Fed, iniciando o ciclo de baixa na taxa de juros lá e nós iniciando o ciclo de alta na nossa taxa de juros básica”, diz Rogé. “Ou seja, a diferença entre as duas taxas tende a aumentar e, com isso, trazer mais recursos para o Brasil através de operações em que o investidor toma dinheiro numa taxa inferior e aplica aqui numa taxa superior.”

O economista conta que isso faz com que haja uma pressão vendedora do dólar, ou seja, na cotação da moeda estrangeira, quando esses recursos entram aqui no Brasil, portanto, o comitê não está esperando uma valorização da cotação do dólar, e sim o contrário, uma baixa. 

Juros americanos

Mais cedo, nesta quarta-feira, o Federal Reserve também finalizou sua reunião de política monetária, cravando uma redução de 0,50 p.p nos juros americanos, após 11 elevações na taxa, que ocorreram a partir de 2022. A decisão veio em linha com boa parte do mercado, segundo apostas na CME, embora alguns ainda acreditassem na redução de 0,25 p.p.

 “As bolsas incialmente reagiram de forma positiva. Na minha visão, um corte de -0,50% pode ser excelente para o fluxo do investidor estrangeiro para países emergentes que estão apresentando bom crescimento, e o Brasil é um dos destinos desses recursos”, comenta André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.

Fernandes pontua que os maiores destaques da fala de Powell são sobre o emprego nos EUA. “Ele acredita que estão muito no limite da taxa de desemprego começar a subir, e isso, na visão dele, pode justificar o corte de -0,50%.  Outra fala de destaque foi sobre o nível neutro da taxa de juros por lá, que na visão dele é muito maior do que era antigamente, e não vê mais os EUA com taxa de juros negativas no futuro.”

O head de renda variável acredita que nas próximas reuniões terão novos cortes de 0,50 p.p, apesar de Powell deixar claro que vai depender de dados.


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